Estes dados, principalmente recolhidos da imprensa local e publicações na rede social Facebook, foram compilados por um profissional das tecnologias de informação em Rangum e inclui os nomes das vítimas, idades, local de nascimento e onde e como foram mortas.
A agência Associated Press noticiou que não foi possível confirmar de fonte independente a maioria das mortes relatadas, mas uma amostra de publicações ‘online’ correspondeu ao que está incluído na compilação.
Quem reuniu os dados em causa reforçou o pedido para não ser identificado por medo de represálias da junta militar, acrescentando que 18 pessoas foram hoje mortas só em Rangum, a antiga capital do país.
As manifestações de repúdio ao golpe militar continuaram hoje em todo o país, apesar da brutal repressão policial, que só no domingo custou a vida a 20 manifestantes, a maioria deles devido a tiros disparados pela polícia.
Além de munição real, as autoridades birmanesas reprimiram os protestos de hoje com gás lacrimogéneo, balas de borracha e granadas de choque.
No entanto, quando a situação acalmou, os manifestantes voltaram às ruas para continuar o protesto.
Os manifestantes exigem que o exército, que governou o país com mão de ferro entre 1962 e 2011, restaure a democracia, reconheça os resultados das eleições de novembro e pedem a libertação de todos os detidos pelos militares, incluindo a líder de facto Aung San Suu Kyi.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Indonésia, Malásia e Singapura condenaram na terça-feira o uso de força letal pelas autoridades birmanesas para reprimir o movimento pacífico de oposição que surgiu após o golpe militar.
Os ministros, reunidos por videoconferência durante uma sessão informal da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na qual participou o ministro nomeado pela junta militar birmanesa, Wunna Maung Lwin, exortaram o exército a procurar uma solução de diálogo para a crise política e a libertação dos detidos.
O exército birmanês justificou a tomada do poder por uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, onde os observadores internacionais não detetaram qualquer fraude e em que a Liga Nacional pela Democracia, partido liderado por Suu Kyi, foi o vencedor, assim como já tinha ocorrido em 2015.
UE condena “repressão violenta contínua” em Myanmar e pede “regresso à democracia”
“A UE condena a repressão violenta contínua de manifestantes pacíficos pelas forças militares e de segurança birmanesas, que resultou em ainda mais mortes de civis inocentes hoje”, lê-se num comunicado da porta-voz do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), Nabila Massrali.
Enumerando as ocorrências que constituem “violações claras do direito internacional”, e que vão das “detenções de centenas de pessoas” a tiros disparados contra “civis desarmados e trabalhadores de saúde”, a porta-voz chama ainda a atenção para a repressão dos meios de comunicação no país, onde se tem testemunhado “um número crescente de jornalistas arbitrariamente presos, detidos e acusados”.
“A perseguição e intimidação de trabalhadores dos ‘media’, que estão apenas a fazer o seu trabalho, é inaceitável”, afirma Massrali.
A porta-voz diz assim que as “tentativas de silenciamento dos 'media'” e de “erradicação da liberdade de expressão” não irão “impedir o mundo de testemunhar as ações do Exército do Myanmar nem a coragem do povo birmanês”, acrescentando também que não “darão nenhuma legitimidade ao golpe” militar que ocorreu no país a 01 de fevereiro.
“Tem de haver responsabilização [dos envolvidos] e um regresso à democracia no Myanmar”, aponta.
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