Avança esta quarta-feira, 5 de fevereiro, o Jornal Público que o Ministério Público está a investigar o Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública por causa de uma publicação na rede social Facebook, entretanto apagada.

No post podia ler-se o seguinte: “As melhoras ao colega e espero que as análises sejam todas negativas a doenças graves. Contudo a defesa da cidadã está a começar a ser orquestrada pelo ódiomor [sic] de brancos”. A publicação estava acompanhada de imagens dos ferimentos — arranhões e mordidas — sofridas pelo agente no âmbito da detenção de Cláudia Simões, que acusou a PSP de agressão.

Esta publicação deu origem a uma queixa junto da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial. Esta queixa foi remetida para Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, dando origem a um inquérito.

A mesma informação foi confirmada pela Procuradoria-geral da República à Lusa.

Escreve o mesmo jornal que o sindicato visado pelo inquérito é liderado por Peixoto Rodrigues, que foi candidato na lista do Chega às eleições europeias, e que pertencem a este sindicato 16 dos 17 polícias da Esquadra de Alfragide que foram a julgamento acusados de racismo e tortura contra seis jovens da Cova da Moura – oito foram condenados por agressão e sequestro.

A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, já tinha anunciado em janeiro, no parlamento, que a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) tinha apresentado uma queixa ao MP contra a publicação do SUP.

Cláudia Simões, de 42 anos e mãe de quatro filhos, foi detida numa paragem de autocarro, na Amadora, depois de um desentendimento com o motorista do autocarro — dias mais tarde agredido em Massamá—, porque alegadamente a filha não transportava o passe.

Segundo o relato de Cláudia Simões, o motorista chamou um agente da PSP que ali passava, tendo sido abordada “agressivamente” e o seu telemóvel foi atirado para o chão.

A mulher, que, entretanto, foi constituída arguida, contou que sofreu agressões dentro de um carro da PSP, onde garante ter sido esmurrada e alvo de ofensas verbais antes de ser assistida no hospital Fernando Fonseca, na Amadora.

A PSP abriu também um inquérito sobre esta detenção. Em comunicado, a força de segurança pública disse que Cláudia Simões reagiu de forma “agressiva” perante a iniciativa do polícia em tentar dialogar, “tendo por diversas vezes empurrado o polícia com violência, motivo pelo qual lhe foi dada voz de detenção”.

A partir do momento da detenção da mulher, alguns outros cidadãos que se encontravam no interior do transporte público tentaram impedir a ação policial, nomeadamente “pontapeando e empurrando o polícia”, disse a Direção Nacional da PSP, em comunicado, acrescentando que o polícia se encontrava sozinho. Para fazer cessar as agressões, o polícia “procedeu à algemagem da mesma, utilizando a força estritamente necessária para o efeito face à sua resistência”.

“Salienta-se que a mesma, para se tentar libertar, mordeu repetidamente o polícia, ficando este com a mão e o braço direitos com marcas das mordidelas que sofreu e das quais recebeu tratamento hospitalar”, avançou a PSP.

O ministro da Administração Interna (MAI) ordenou a abertura de um inquérito sobre a atuação policial no caso da detenção de Cláudia Simões que resultou numa denúncia contra o polícia de serviço.

Vários partidos já pediram esclarecimentos ao MAI sobre a atuação policial nesta situação e na segunda-feira a PSP já tinha anunciado a abertura de um processo de averiguações na sequência da denúncia apresentada pela mulher contra o polícia.

Na segunda-feira e no final da toma de posse, o novo diretor nacional da PSP, Magina da Silva, afirmou aos jornalistas que aquilo que viu no vídeo foi “um polícia a cumprir as suas obrigações e as normas que estão em vigor na PSP”, não tendo visto “qualquer infração”.

"Há uma atuação legal e legítima por parte de um agente da autoridade. Há uma resistência na condução para identificação e há efetivamente uma ação de resistência ativa contra o agente que decidiu proceder à detenção, que foi o que aconteceu. O que se passou depois, que não está documentado no vídeo, obviamente será devidamente esclarecido no âmbito do processo crime e o processo disciplinar a decorrer na IGAI”, disse o superintendente-chefe Magina da Silva.

(Notícia atualizada às 13:29)

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.