De acordo com vários órgãos de comunicação social brasileiros, o Ministério Público Federal divulgou no sábado um comunicado no qual informou que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal uma nota na qual defende a continuidade do inquérito aberto para investigar o presidente Michel Temer.
Na mesma nota, a PGR informou que foi feita uma avaliação técnica à gravação, que concluiu que o registo é “audível, inteligível e apresenta uma sequência lógica e coerente, com características iniciais de confiabilidade”.
O procurador acrescentou que “a referida gravação é harmônica e consentânea com o relato da colaboração de pelo menos quatro colaboradores, a saber Joesley Batista, Wesley Batista, Ricardo Saud e Florisvaldo Caetano de Oliveira”, segundo a nota da PGR.
A investigação foi autorizada pelo juiz do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, a pedido da PGR, com base nas delações dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e do diretor da J&F Ricardo Saud.
O Presidente questionou no sábado, num discurso ao país, a autenticidade da gravação depois de a imprensa brasileira ter noticiado que as autoridades verificaram que houve “edição no áudio” da conversa que foi incluída nos autos.
No entanto, segundo o jornal Folha de São Paulo, a parte mais polémica do diálogo, em que alegadamente Temer dá aval a Batista para comprar o silêncio de Cunha, não sofreu modificações.
Em causa está uma gravação de uma conversa entre o empresário Joesley Batista, da empresa JBS, e o Presidente sobre o alegado pagamento de uma mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha.
Nessa conversa, segundo os áudios divulgados, o Presidente terá recomendado ao empresário “manter” o pagamento de uma verba regular àquele dirigente do seu partido, que está acusado de vários crimes de corrupção.
Para o chefe de Estado, a gravação “foi manipulada e adulterada com objetivos claramente subterrâneos” e foi “incluída no inquérito [judicial] sem a devida e adequada investigação”.
O Brasil está mergulhado há mais de dois anos numa crise política acentuada pelas contínuas suspeitas de corrupção que pendem sobre vários políticos, investigadas no quadro da operação Lava Jato.
Pagamentos ilegais por parte de empresas como a JBS, a construtora Odebrecht ou a petrolífera Petrobras levaram ao afastamento de dezenas de políticos, atingindo, entre outros, o ex-presidente do Congresso (parlamento) Eduardo Cunha e o candidato presidencial derrotado Aécio Neves (direita).
O caso chegou esta semana à Presidência com a abertura de um processo no STF ao Presidente brasileiro e o pedido de novas eleições (diretas ou via parlamento) está a ser subscrito agora por dirigentes da base aliada de Michel Temer.
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