A procuradora do Ministério Público deu início à fase introdutória do processo, começando logo por salientar que devido à dimensão dos autos, este julgamento “irá estender-se por tempo significativo” este julgamento.
Ainda de acordo com o Ministério Público, "desde 2008 houve um constante financiamento do BES não financeiro à custa dos clientes” e que “o governo do GES foi assumido de forma autocrática por Ricardo Salgado”, que "logrou apropriar-se de património de terceiros no âmbito do negócio financeiro do GES.”
“Pelo menos desde 2008 houve um constante financiamento da área não financeira do GES pelos clientes. Foram suportados pelas constantes emissões de dívida e consequente colocação junto de clientes das instituições financeiras da Espírito Santo Financial Group (ESFG). Tais propósitos foram conseguidos desde 2008 com condutas (…) a fim de iludir clientes e investidores”, referiu a magistrada do MP.
Para a equipa de procuradores presente no julgamento, o objetivo é provar “que o governo do GES foi exercido de forma autocrática por Ricardo Salgado” e que o ex-banqueiro, “com o objetivo de suportar a área não financeira, poder distribuir liquidez como entendesse e constituir posições acionistas, logrou apropriar-se de património de terceiros”.
Lembrando que a “pronúncia é muito extensa, com jurisdições diversas e que a forma como os factos foram executados é, sem dúvida, complexa”, a procuradora salientou que Ricardo Salgado deu ordens a “um grupo restrito de pessoas, hoje aqui arguidas”, para que o GES se apresentasse imune em termos financeiros, apesar de a holding internacional do grupo (ESI) estar em situação de insolvência desde 2009.
“Todo o programa de reestruturação do GES apresentado aos mercados assentava em pés de barro. Só em julho de 2014, segundo o levantamento feito após a saída de Ricardo Salgado, é que a administração tomou conhecimento das perdas históricas. A resolução do BES acompanhou o processo que já estava em marcha e a queda em dominó”, resumiu, acabando pouco depois as suas alegações para dar palavra aos primeiros assistentes processuais.
*Com Lusa
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