A Procuradoria-geral da República abriu um inquérito com "vista a averiguar a eventual existência de procedimentos incorretos ou irregulares" por parte do Ministério Público no caso das adoções no lar da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)", informa a PGR num comunicado enviado às redações.

A Procuradoria-Geral da República diz "que a matéria em questão está intrinsecamente ligada com processos concretos que correram termos na jurisdição da família e crianças, área de especial e relevante intervenção do Ministério Público".

"Assim", pode ler-se, "por considerar que a atuação funcional do Ministério Público no âmbito deste universo de processos não pode deixar de ser objeto de análise, a Procuradora-Geral da República determinou a abertura de um inquérito com vista a averiguar a eventual existência de procedimentos incorretos ou irregulares".

A PGR adiantou que a investigação agora iniciada é dirigida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e encontra-se em segredo de justiça.

PGR já tinha aberto inquérito-crime às adoções na IURD

"Na sequência de notícias vindas a público de que crianças acolhidas num lar da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) terão sido irregularmente encaminhadas para adoção", a Procuradoria-Geral da República instaurou um "inquérito-crime para investigar os factos ocorridos e o enquadramento jurídico-criminal dos mesmos", diz aquele órgão em comunicado.

A TVI tem vindo a exibir uma série de reportagens denominada "O Segredo dos Deuses", na qual noticia que a IURD esteve alegadamente relacionada o rapto e o tráfico de crianças nascidas em Portugal.

Os supostos crimes teriam acontecido na década de 1990 com crianças levadas para um lar em Lisboa, que teria alimentado um esquema de adoções ilegais em benefício de famílias ligadas à IURD que moravam no Brasil e nos Estados Unidos.

Na semana passada, o MP havia anunciado a abertura de um inquérito sobre a alegada rede de adoções ilegais de crianças portuguesas ligadas à IURD.

Segundo informações avançadas pela TVI, a IURD tem atualmente nove milhões de fiéis, espalhados por 182 países, 320 bispos e cerca de 14 mil pastores.

Esta igreja evangélica foi fundada no final da década de 1970 e é liderada pelo bispo Edir Macedo, considerado um os homens mais ricos do Brasil.

A IURD refuta as acusações de rapto e de um esquema de adoção ilegal de crianças portuguesas e considera-as fruto de "uma campanha difamatória e mentirosa".