“Esta substituição foi articulada entre ambas, foi preparada, e coincide por um lado com a vontade” da atual diretora-geral das Artes, Sílvia Belo Câmara, de cessar as funções, e “a noção de que se irá abrir um ciclo, com uma pessoa que começa numa fase de transição entre modelos de apoio às artes”, disse hoje a ministra da Cultura.
Graça Fonseca disse que esta “articulação foi preparada ao longo de quase um mês, e tinha esta coincidência com a preparação do novo concurso de apoio às artes de 2019, para o biénio 2020/2021″, cujos prazos, garantiu, “irão ser cumpridos”.
“A atual diretora-geral das Artes, Sílvia Belo Câmara, já me tinha comunicado há algum tempo, que pretendia sair por razões pessoais, entendia que havia um ciclo que tinha sido cumprido, e não pretendia ser nomeada até na sequência de um concurso [público, para o cargo] que tinha existido”.
Graça Fonseca falava aos jornalistas à saída de uma reunião realizada hoje, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, com os diretores dos museus, palácios e monumentos.
“O que foi articulado entre ambas é que, estando a decorrer a fase de consulta pública da revisão do modelo de apoio às artes – modelo este que foi muito preparado pela doutora Sílvia [Belo Câmara] -, que se iria ter, de alguma maneira, este tempo, até 01 de fevereiro, que coincide com a conclusão da fase de consulta pública do modelo revisto”, afirmou Graça Fonseca.
Questionada pela agência Lusa sobre o concurso público aberto para o cargo, em 31 de agosto, e que estava encerrado desde 14 de setembro – de acordo com os dados disponíveis no ‘site’ da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap) – a ministra esclareceu que uma três das pessoas propostas pelo júri era a atual diretora-geral, que manifestou não querer continuar.
Por isso, “não estando reunidas as condições, ou seja [não havendo possibilidade de] o membro do Governo poder escolher, uma entre três” finalistas indicados pela Cresap, foi decidido que “o procedimento não devia subsistir”.
“Neste sentido, anula-se o concurso, que é o que diz lei”, rematou a ministra da Cultura.
Um novo concurso para diretor-geral das Artes deverá assim ser aberto peça Cresap, o terceiro desde 2016.
A investigadora Susana Graça foi hoje nomeada diretora-geral das Artes, substituindo no cargo Sílvia Belo Câmara, que acompanhara o processo de revisão do modelo de apoio, às entidades do setor.
Susana Graça, até agora assessora para as Relações Económicas na Embaixada da Noruega, em Lisboa, assumirá o cargo a 01 de fevereiro, em regime de substituição.
Ocupará, assim, o lugar ocupado por Sílvia Belo Câmara, que tinha sido nomeada diretora-geral das Artes em maio de 2018, na altura substituindo Paula Varanda, demitida por “quebra de confiança política”.
A nova mudança na Direção-Geral das Artes, anunciada agora e justificada pelo começo de “um novo ciclo”, acontece numa altura em que a tutela se prepara para pôr em prática um modelo de apoio às artes reformulado, depois de ter sido duramente criticado pelas estruturas artísticas, no primeiro semestre de 2018.
Susana Graça “já irá abrir e conduzir os novos concursos com o novo modelo de apoio às Artes”, sublinha o ministério, na nota de imprensa hoje divulgada.
No mesmo comunicado, é referido que Susana Graça, de 43 anos, foi técnica superior na Direção Geral das Artes em dois períodos distintos entre 2012 e 2016.
Foi responsável pelo programa Pegada Cultural e também dirigiu os serviços de planeamento, informação e recursos humanos da DGArtes.
É doutorada em Filosofia e Economia, fez uma tese de doutoramento sobre a metodologia da ciência económica aplicada às artes e à cultura. Foi docente universitária nas áreas de design de projetos artísticos, economia da cultura e gestão das artes.
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