De acordo com a edição de hoje do jornal Público, a ministra da Saúde Ana Paula Martins copiou diretamente informação de um curso da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, traduziu-a e publicou-a no seu relatório de licença sabática, entregue à Universidade de Lisboa (UL) a entregue a 29 de dezembro de 2023.

A agora ministra, que foi professora na Faculdade de Farmácia na UL e coordenou o seu Centro de Farmacovigilância, não informou a instituição de que essas passagens eram transcrições quando propôs que se criasse um programa de formação avançada nesse mesmo relatório.

Segundo o Público, as atas do conselho científico da Faculdade de Farmácia da UL demonstram que foi desde logo detetada uma "transposição de um programa pedagógico já existente numa universidade inglesa" no relatório. No entanto, este foi aprovado à mesma.

Em maior detalhe, o diário escreve que Ana Paula Martins propôs-se durante a sua licença sabática entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021 a apresentar “um plano curricular estratégico para a concretização do programa de formação avançada em Farmacoepidemiologia". A ministra detalhou como seria esta formação, sem explicitar que tanto o seu nome — ”Programa de Formação Avançada em Farmacoepidemiologia e Farmacovigilância” — como parte da sua estrutura foram diretamente levantadas do curso da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que frequentou entre 2020 e 2022.

Também os objetivos desta formação, aponta o Público, foram praticamente copiados a 100%, com a única diferença para com o original o facto de estarem traduzidos para português.

O facto de Ana Paula Martins assumir a autoria deste projeto sem explicitar que traduziu diretamente o programa curricular de outra instituição ou que a citou foi identificado pelo conselho científico da Faculdade de Farmácia da UL. Escreve o Público que, a 10 de janeiro deste ano, foram apontadas "três inconformidades" no relatório de licença sabática. Entre elas consta que “a proposta do programa de formação avançada", que "corresponde à transposição de um programa pedagógico já existente numa universidade inglesa". No entanto, a ata foi aprovada “por unanimidade" pelos membros do conselho científico.