Segundo a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, a data foi decidida pela Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), órgão de administração, composto pela provedora, vice-provedora e mais quatro vogais, não tendo, no entanto, explicado a razão.

Ana Mendes Godinho esteve a ser ouvida na Comissão e Trabalho, Segurança Social e Inclusão, na sequência de um requerimento potestativo do PSD sobre os investimentos da Santa Casa Global, na qual revelou que no dia 04 de janeiro de 2024 recebeu da provedora Ana Jorge “um relatório da auditoria na sua versão ‘em evolução’”, tendo a provedora da SCML dado conta de que o relatório final “ainda não estava concluído e que aguardava a versão final”.

“A informação que tenho é que a Mesa da Santa Casa deliberou no sentido de que a auditoria tem que ser entregue até ao final do mês de janeiro”, disse a ministra.

Ana Mendes Godinho não esclareceu o motivo deste aparente adiamento, tendo em conta que a própria ministra havia dito, em 12 de dezembro, que os resultados finais da auditoria seriam conhecidos “muito brevemente”.

Relativamente à informação que consta do relatório preliminar, a ministra disse ter sido informada pela provedora Ana Jorge de que o conteúdo está em segredo de justiça, dando essa razão para não se pronunciar sobre essa matéria.

Questionada sobre o facto de a empresa que está a realizar a auditoria à Santa Casa Global, BDO, ser a mesma que anteriormente certificava as demonstrações financeiras da SCML, a ministra disse que foi decisão da Mesa e que apenas impôs que a auditoria fosse realizada por entidade externa.

Durante a audição, Ana Mendes Godinho reiterou que a decisão de avançar com uma auditoria à internacionalização dos jogos sociais foi sua e que aguarda o relatório final para avaliar o impacto nas contas da Santa Casa de Lisboa, acrescentando que a auditoria foi decidida logo após a atual Mesa ter manifestado preocupações sobre a Santa Casa Global.

Perante os deputados, a ministra voltou a afirmar só ter autorizado a constituição da sociedade e não ter tido nem mais informação nem intervenção em todo o processo, mas admitiu haver recebido um email do anterior provedor da SCML, Edmundo Martinho, datado de 14 de julho de 2021, no qual este dava conta de ter “iniciado um processo de identificação das diferentes oportunidades de negócio e de seleção de possíveis parceiros”.

“Informava ainda neste email que estavam a iniciar um processo de ‘due diligence’ e que partilharia a evolução. Depois deste email, eu não tive mais nenhuma informação nem recebi qualquer informação sobre diligências efetuadas, sabendo hoje atualmente que em Setembro de 2021, a Santa Casa Global adquiriu 55% da empresa brasileira MCE sem que me tivesse sido enviada informação adicional ou o resultado da ‘due diligence’”, adiantou a ministra.

Este email foi também referido pelo deputado social-democrata Nuno Carvalho, que mencionou informação financeira mais detalhada, nomeadamente “aquisição de participações de diferentes sociedades em 14,56 milhões de euros e a necessidade de, no futuro, vir a fazer investimentos repartidos que ascendem a valores de cerca de 48 milhões [de euros] ”.

No final, o grupo parlamentar do PSD deu conta de que vai novamente pedir a audição da vice-provedora da SCML, Ana Vitória Azevedo.

[Notícia atualizada às 13:36]