"Sua Majestade o Rei aceitou hoje (sexta-feira) a renúncia de Jacquelin Galant, ministra dos Transportes", indicou o palácio real belga em comunicado. A ministra estava sob o fogo das críticas, três semanas depois dos atentados de 22 de março no aeroporto de Bruxelas e no metro da capital, que provocaram dezenas de mortos.
Os relatórios da Comissão Europeia apontavam "sérias deficiências" na segurança, incluindo na detecção de artefatos explosivos. O último relatório, de abril de 2015, emitido após uma visita ao aeroporto da Antuérpia, afirmava que a Bélgica continuava "sem se adequar" às regras e os inspetores registaram "sérias deficiências". Galant negou ter recebido os relatórios críticos da Comissão Europeia. Mas um funcionário de topo da sua administração, Laurent Ledoux, que renunciou na quinta-feira, contradisse-a e explicou que tinha alertado o gabinete da ministra e pedido, em vão, meios adicionais para a segurança dos aeroportos.
Ledoux declarou que a pedido dele "foi organizada uma reunião no dia 27 de março de 2015 com o gabinete (da ministra) para discutir os resultados preliminares da auditoria da Comissão" e que o "relatório da auditoria foi transmitido ao gabinete" de Galant em 29 de junho do mesmo ano. O funcionário também pediu a um especialista independente dois relatórios sobre a segurança nos aeroportos após os atentados de janeiro de 2015 em Paris. "A ameaça de um atentado era hipotética, no passado, mas a situação internacional obriga-nos a considerar com maior atenção esta probabilidade", escreveu o especialista, segundo o jornal belga Libre Belgique, que publicou nesta sexta-feira alguns trechos do documento.
Segundo Ledoux, este relatório também foi transmitido ao gabinete de Galant. Depois de confirmada a sua renúncia, Galant disse estar "consternada com a encenação da renúncia" de Ledoux. "Arrasta na sua cruzada mediática toda uma administração e afunda-a na polémica", disse. Também o acusou de aproveitar "o clima de inquietação atual, marcado pelos terríveis atentados de 22 de março". "A confusão orquestrada e teatral destas últimas 48 horas impedem-me de continuar", acrescentou. Até quinta-feira, o primeiro-ministro Charles Michel defendia a atuação da sua ministra. Mas nesta sexta-feira anunciou que lhe retirava o apoio.
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