Os meios de comunicação franceses publicaram hoje que o cancelamento ocorreu a pedido de Florence Parly como forma de expressar insatisfação pelo caso dos submarinos, no qual Londres desempenhou um papel secundário na compra por parte de Camberra de submarinos aos Estados Unidos e não a França.
Paris expressou novamente a sua insatisfação com os três países signatários do pacto criado entre EUA, Reino Unido e Austrália - batizado como AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo-saxónicos) e anunciado na quarta-feira -, depois de na sexta-feira o Presidente de França, Emmanuel Macron, tomar a decisão de chamar os embaixadores em Washington e Camberra para consultas.
Uma medida sem precedentes que as autoridades francesas justificaram com o que consideram ser “uma traição" dos três países aliados tradicionais, que significou, para a França, uma grave quebra de confiança.
A França tinha um contrato para entrega à Austrália de 12 submarinos com propulsão convencional, no valor de 56 mil milhões de euros, que foi cancelado por Camberra no âmbito da assinatura do pacto, tendo posteriormente comprado submergíveis nucleares aos Estados Unidos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, acusa os signatários da aliança de terem agido pelas costas de França, de terem mentido e traído a sua confiança, e anunciou uma reavaliação do conceito de aliança com estes países.
Hoje, o Governo australiano defendeu o acordo de defesa com os Estados Unidos e o Reino Unido perante a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Alguns países do bloco, como a Malásia e a Indonésia, expressaram preocupação de que o acordo possa desencadear uma corrida armamentista na região e aumentar as tensões nas águas do Mar da China Meridional, disputadas por Pequim, Taiwan e quatro países da ASEAN.
Numa declaração, o embaixador australiano na ASEAN, Will Nankervis, indicou o seu apoio à "estabilidade e segurança" da região e sublinhou os compromissos da Austrália como signatária do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Um dos pontos mais problemáticos da região Indo-Pacífico é o Mar da China Meridional, um importante local de pesca que acolhe um terço do comércio marítimo mundial e que, segundo estimativas, abriga importantes depósitos de petróleo e gás.
Pequim reivindica quase todo este mar e ilhas diante de países como Taiwan, Filipinas, Vietname, Malásia e Brunei, enquanto os Estados Unidos defendem a liberdade de navegação contra as reivindicações do Governo chinês.
As autoridades chinesas, que construíram bases militares no Mar da China Meridional, criticaram o acordo entre a Austrália, os Estados Unidos e o Reino Unido, por considerar que promove a proliferação nuclear e responde a uma mentalidade de guerra fria.
O pacto AUKUS tem como objetivo reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a inteligência artificial, sistemas submarinos e vigilância a longa distância.
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