Em conferência de imprensa, depois da primeira deslocação oficial de Mário Centeno como presidente do Eurogrupo, Peter Altmaier começou por dizer que, no encontro que manteve com Centeno, houve “muitos acordos entre os dois, sobretudo nas questões pendentes que precisam ser resolvidas no Eurogrupo”.

Depois, o ministro alemão lembrou que a Alemanha apoiou a candidatura de Mário Centeno para a chefia do Eurogrupo, desde logo por “Portugal ter ultrapassado as suas dificuldades através de reformas estruturais e da implementação de medidas dolorosas” que levaram a que o país voltasse para “o caminho do crescimento”.

Peter Altmaier acrescentou que Mário Centeno “tem tudo o que é preciso” para liderar o fórum informal dos ministros da zona euro, nomeadamente “competências económicas”, mas também “é uma pessoa capaz de construir pontes, encontrar compromissos e agir num espírito de confiança e cooperação”.

Questionado pela imprensa portuguesa sobre até que ponto foi difícil para a Alemanha apoiar um ministro de um país do sul para a liderança do Eurogrupo - tendo em conta que a crise do euro foi globalmente vista como um confronto entre países do norte e do sul da Europa - Altmaier afirmou que essa divisão “foi um erro desde o princípio”.

“A questão não é norte ou sul, ricos ou pobres, a questão é bem-sucedidos ou não, competitivos ou não. É do interesse de todos na Europa encorajar a produção de prosperidade na zona euro. A prosperidade constrói-se só quando se é competitivo, quando se pode criar mais emprego, ter oportunidades de emprego para os jovens e é algo com que a Alemanha está totalmente comprometida”, defendeu.

O ministro alemão reiterou que a Alemanha está muito “orgulhosa de ver as melhorias registadas em Portugal”, mas disse que continua na linha do seu antecessor, Wolfgang Schäuble, conhecido pela defesa das medidas de austeridade.

“Já disse a todos os meus colegas no Eurogrupo, em novembro, que como ministro das Finanças interino sinto-me totalmente comprometido com a linha política alemã que foi apresentada e defendida por Wolfgang Schäuble durante tantos anos. Há uma continuidade, mas isso não exclui que todos sintamos que a Europa tem de avançar e temos de conseguir mais resultados, mas na base dos princípios que sempre defendemos”, avisou.

Mário Centeno foi, por sua vez, questionado sobre se se sente mais livre para agir sem Wolfgang Schäuble no ministério alemão das Finanças, ao que respondeu que “quando se está num projeto vencedor não há restrições para a liberdade” e que agora é o líder de um grupo que representa 19 países “que convergem na ideia de tornar o euro mais robusto”.

“Se acredito se somos todos vencedores por participarmos neste projeto, só posso ver um futuro brilhante à nossa frente porque isto é o compromisso que temos connosco nos encontros e com os nossos cidadãos em cada um dos nossos países. Esta é a posição que sempre levei para o Eurogrupo e que vou promover de forma mais ativa, se for possível, já a partir de segunda-feira, em Bruxelas”, explicou.

Esta tarde, Mário Centeno vai participar numa conferência com o homólogo alemão no Ministério das Finanças, na qual devem falar sobre os desafios fiscais mais urgentes que enfrentam os europeus, sobre o papel de um eventual Fundo Monetário Europeu e um orçamento próprio para a zona euro e sobre a política fiscal europeia, de acordo com a página do ministério alemão das Finanças.

Peter Altmaier é o primeiro ministro das Finanças da zona euro que Centeno visita desde que entrou em funções como presidente do Eurogrupo, em 13 de janeiro, mas no dia da "passagem de testemunho”, em 12 de janeiro, em Paris, encontrou-se com o homólogo francês, Bruno Le Maire.

Na véspera dessa 'passagem de testemunho', Centeno tinha sido recebido pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, e depois deslocou-se ao palácio de Matignon para uma reunião com o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe.

No dia 22 de janeiro decorre a primeira reunião do Eurogrupo sob a presidência de Mário Centeno, em Bruxelas.