“Quando falo com o Presidente, ele me pede para que me concentre no desenvolvimento do turismo no Brasil e no potencial que isto tem para a geração de riqueza”, disse o ministro, perante alguns senadores da oposição, que exigiram a sua renúncia.

O ministro foi acusado pelo Ministério Público de fraude eleitoral e apropriação criminosa de fundos de campanha, atos alegadamente cometidos durante o processo eleitoral, em 2018, quando era chefe regional do Partido Social Liberal (PSL) no estado de Minas Gerais.

O governante também enfrenta denúncias de ter promovido “candidatas fantasmas” para aumentar os recursos que correspondiam ao PSL do dinheiro público para financiar campanhas políticas no país.

Além dos senadores da oposição, alguns parlamentares dos partidos que apoiam o Governo também sugeriram que o ministro deixasse o cargo até a Justiça decidir se ele é culpado ou inocente dos crimes, mas Antônio insistiu que a sua permanência depende “exclusivamente” do Presidente brasileiro.

Segundo Álvaro Antônio, “não há evidências” que o incriminem e comprovem que praticou qualquer irregularidade neste processo que, na sua opinião, foi “montado com a cumplicidade de setores da economia” e de seus “adversários políticos”.

O ministro recusou-se a identificar os supostos inimigos que estariam a planear prejudicá-lo com as denúncias e disse apenas que tudo será esclarecido na Justiça.

Álvaro Antônio também diferenciou o seu caso de uma outra denúncia contra o ex-ministro da Secretaria-Geral do Governo, Gustavo Bebianno, demitido em fevereiro por suspeita de praticar fraude nas eleições.

Bebianno presidiu ao PSL em 2018, em plena campanha eleitoral, e era um dos homens da maior confiança de Jair Bolsonaro, mas o relacionamento entre os dois foi abalado por queixas sobre questões semelhantes às que envolvem o ministro do Turismo.

“Acho que [no caso de Bebianno] havia outras variáveis, que acabaram com essa rutura e sua saída do Governo”, afirmou Álvaro Antônio.

O PSL era uma formação com baixa representação no parlamento do país, com apenas um deputado, até às anteriores eleições, quando se tornou o segundo maior partido dentro da câmara baixa, elegendo 53 dos 513 deputados desta casa parlamentar.

Desde o início do ano, porém, o partido vive momentos conturbados porque é alvo de investigações sobre candidaturas fantasma.

As lideranças do partido são acusadas de promover candidaturas fantasma de mulheres e desviar o dinheiro das campanhas femininas para outras finalidades.

No Brasil, o financiamento eleitoral é suportado maioritariamente com dinheiro público e a lei estabelece que todos os partidos devem usar 30% das verbas para a promoção de candidaturas de mulheres.

No entanto, o jornal Folha de S.Paulo revelou denúncias que estão a ser investigadas pelas autoridades policiais sobre mulheres que teriam recebido grandes somas de dinheiro para lançar candidatura pelo PSL, mas que tiveram uma baixa votação porque, de facto, não fizeram campanha.

Enquanto estas investigações prosseguem, o chefe de Estado brasileiro chegou a propor uma auditoria às contas do PSL para verificar se o partido cometeu atos irregulares e também ameaçou deixar o partido, duas situações que ainda não se concretizaram.