Esta posição foi assumida por João Gomes Cravinho no domingo, antes de regressar a Lisboa após uma visita de dois dias a missões das Forças Armadas na República Centro Africana, em São Tomé e Príncipe e no Mali – deslocações em que esteve sempre acompanhado pelo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro.
Nas declarações que prestou aos jornalistas antes de partir do aeroporto de Bamaco, o ministro do executivo socialista rejeitou a tese de que os governos de esquerda apresentam uma tendência para secundarizarem mais as funções de soberania ao nível do Estado.
"Ao longo dos últimos anos, no âmbito das forças políticas representadas na Assembleia da República, tem sido criado um consenso muito alargado sobre aquilo que é importante para as nossas Forças Armadas. Registo com grande satisfação que, quando estou em diálogo com a Assembleia da República, não há divergências de fundo sobre as nossas Forças Armadas", contrapôs João Gomes Cravinho.
Pelo contrário, segundo o ministro da Defesa, "as Forças Armadas são muito apreciadas" também do ponto de vista político.
"Por exemplo, o trabalho que têm realizado no combate à pandemia de covid-19 merece um consenso grande por parte dos portugueses e dos partidos representados na Assembleia da República. Portanto, não reconheço qualquer tipo de dificuldade em relação à forma como este Governo tem desempenhado o seu trabalho nas áreas de soberania, em particular na Defesa Nacional", acrescentou.
Em relação aos dois dias de périplo por três países africanos, o ministro da Defesa disse fazer "um balanço extremamente positivo".
"Desde logo, nestas deslocações à República Centro Africana, a São Tomé e Príncipe e ao Mali, verifiquei o nível moral muito elevado das nossas forças militares. Em todos os casos senti que os nossos militares estão muito motivados e são muitíssimo apreciados pelas autoridades dos diversos países em que agora estive", justificou o membro do Governo.
Perante os jornalistas, João Gomes Cravinho reforçou a ideia de que "os militares portugueses fazem toda a diferença na República Centro Africana, em São Tomé e Príncipe ou no Mali".
"Enquanto ministro da Defesa, sinto-me muito orgulhoso e satisfeito por um trabalho que é feito com sacrifício, mas com muito empenho, muita disponibilidade e com resultados francamente positivos", acrescentou.
No sábado, o ministro da Defesa começou por visitar em Bangui a missão militar portuguesa na República Centro Africana, país que vive desde dezembro de 2012 em clima de guerra civil e que terá eleições presidenciais e legislativas no próximo dia 27.
Portugal tem atualmente na República Centro Africana 243 militares, dos quais 188 integram a Missão Multidimensional das Nações Unidas para a Estabilização (MINUSCA) e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), esta última liderada por Portugal até setembro de 2021.
Após cinco horas na República Centro Africana, João Gomes Cravinho seguiu ao fim da tarde de sábado para São Tomé e Príncipe, onde jantou com os elementos da guarnição do navio Zaire, que tem como missão combater a pirataria no Golfo da Guiné e formar elementos da guarda costeira são-tomense.
No domingo, em Bamaco, o titular da pasta da Defesa teve encontros com o ministro da Defesa e com o vice-presidente do Mali, respetivamente Sadio Câmara e Assimi Goita, e esteve num almoço de Natal com as tropas portuguesas destacadas neste país do Sahel.
O destacamento português no Mali é constituído por 65 militares, com um avião C-295, no âmbito da missão das Nações Unidas, e por 11 militares integrados na missão das União Europeia, a EUTM Mali, esta mais vocacionada para o treino, formação e aconselhamento.
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