“Nós vamos construir um grande polo de hidrogénio em Sines que pode ser fulcral e a ligação com os nossos parceiros alemães, que também estão à procura dessas soluções para a transição energética, pode marcar um paradigma de viragem para o futuro”, afirmou António Costa Silva em Hannover, na Alemanha, num encontro com empresários portugueses que vão participar na feira industrial desta cidade, da qual Portugal é país parceiro.

Acompanhado pelo primeiro-ministro, António Costa, o ministro da Economia e do Mar considerou que a “oportunidade” que a feira de Hannover “oferece à indústria portuguesa pode ser transformadora”, defendendo que os empresários que vão marcar presença na feira são “aquilo que de melhor se faz em Portugal” e “uma faceta de excelência que o país transmite ao mundo”.

“Eu estou convicto por tudo aquilo que vi — o trabalho dos nossos empresários, daquilo que as empresas fazem — que as nossas mensagens chave vão passar, desde logo alinhadas com os objetivos estratégicos da União Europeia, da reindustrialização, da autonomia estratégica e, sobretudo, do encurtamento das cadeias de produção”, disse.

Abordando alguns dos setores empresariais presentes na feira, Costa Silva começou por falar sobre o “setor de metalomecânica”, afirmando não ter “dúvida nenhuma de que a industrialização do país, o seu potencial produtivo” irá passar por áreas como a robotização, o ‘smart manufacturing’ ou a impressão tridimensional.

Depois, o governante abordou o “paradigma da mobilidade”, sublinhando que “toda a gente está à procura de soluções na mobilidade elétrica”, mas alertando que “a mudança do paradigma energético não é só a eletrificação, está ligado ao hidrogénio”.

“Nós temos aqui companhias, empresas que têm soluções não só no domínio dos veículos elétricos, convencionais, híbridos, mas também soluções ao nível do hidrogénio. Não vamos ter nenhuma ilusão: o hidrogénio é o gás mais abundante do planeta, é extremamente versátil, pode competir em múltiplas fileiras, pode ser ‘win win’ com as energias renováveis, pode competir na mobilidade”, frisou.

No que se refere à questão energética, o ministro da Economia referiu ainda que a energia “eólica e eólica ‘offshore'” vão ser “um grande projeto de futuro” para Portugal.

“Nós vamos ter produção massiva de eólica ‘offshore’, sobretudo com ilhas artificiais afastadas da costa e ligadas à produção de hidrogénio. As quantidades de hidrogénio que vão acontecer no mundo são muito importantese nós temos na eólica ‘offshore’ também uma possibilidade de desenvolver”, realçou.

Dirigindo-se, assim, aos empresários presentes na sala da Hannover Messe’22, António Costa Silva salientou que as empresas “na área das energias renováveis, no desenvolvimento das turbinas, na sincronização das instruções, na automatização e na virtualização desses sistemas vai ser marcante para o futuro”.

“Acredito que essa área também vai ser absolutamente decisiva”, referiu.

O ministro destacou ainda o setor dos “têxteis e plásticos técnicos”, assim como “tudo o que se relaciona com novos materiais”, realçando que, em Portugal, “já há pesquisa e ciência no desenvolvimento de novos materiais, materiais mais resilientes, mais flexíveis, mais leves”.

“Depois não podemos esquecer que outro dos grandes paradigmas que está a mudar é a conectividade e todo o trabalho que as empresas fazem na Internet das coisas, na sincronização dos dados, no tratamento dos dados, vai ser fundamental para o futuro. Eu creio que as competências e as capacidades que as empresas portuguesas têm nessa área — as soluções que propõem — também vão ser decisivas”, indicou.

Por último, o governante abordou o setor automóvel e da aeronáutica, afirmando que “são setores que podem ser marcantes”.

“Na área da aeronáutica, temos um dos dois operadores europeus de alta resolução no que concerne à aquisição de imagens e ao tratamento dessas imagens. Temos, na indústria automóvel e na fabricação de componentes, todo um desenvolvimento tecnológico extraordinário que se pode coligar com um setor convencional, com os carros elétricos, com os híbridos, que está a ocorrer”, sublinhou.

“Portanto, a minha mensagem aqui é de extrema confiança naquilo que as empresas estão a fazer, em articulação com o tecido científico e tecnológico com as soluções que trazemos aqui e como país parceiro acho que pode ser marcante e tudo o que nós temos que fazer é acreditar profundamente em nós próprios”, concluiu.

Com o ‘slogan’ “Portugal faz sentido”, a Hannover Messe’22 — considerada a maior feira de indústria do mundo — começa hoje e termina na quinta-feira, tendo escolhido Portugal como país parceiro para a edição deste ano.