“Estamos com muito tempo pela frente para que haja um bom acordo”, disse o ministro adiantando que "nem os privados vão deixar de prestar cuidados aos cidadãos, nem a ADSE vai ser tão rígida para não ser capaz de estabelecer uma posição equilibrada”.
Adalberto Campos Fernandes disse ainda que o processo de negociação das novas tabelas da ADSE, o subsistema de saúde dos funcionários do Estado, está a decorrer com normalidade, e que “antes de um acordo há sempre um momento de tensão e de divergência”
“Faz parte do processo negocial. As partes esticam posições e depois há um ponto de encontro”, frisou.
A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada considera que as novas tabelas da ADSE representam "perdas incomportáveis" para os privados e podem pôr em causa o acesso dos beneficiários aos cuidados de saúde.
Segundo os jornais Expresso e Público, a Associação escreveu uma carta aos ministros das Finanças e da Saúde depois de aprovada a nova tabela da ADSE que deve entrar em vigor a 1 de março.
De acordo com a Associação, as tabelas reduzem o valor pago aos prestadores de serviços que têm convenção com o sistema e reforçam o controlo das despesas públicas.
Na quinta-feira, a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) pediu aos profissionais que ponderem acabar com o acordo com a ADSE caso se mantenha a proposta das novas tabelas de preços, que o bastonário considera “absolutamente incompatíveis com tratamentos de qualidade”.
Em declarações à agência Lusa, o bastonário Orlando Monteiro da Silva diz que as regras e preços da ADSE para a medicina dentária devem fazer com que os dentistas deixem de ter acordo com o subsistema dos funcionários públicos.
“Esta nova proposta de tabela [da ADSE] é mais do mesmo à custa dos profissionais de saúde, afetando os utentes da ADSE. Há um conjunto de situações que estão a limitar os utentes da ADSE a aceder a tratamentos de qualidade, quer ao nível das incompatibilidades entre tratamentos, quer ao nível dos preços propostos nos atos de medicina dentária”, afirmou.
Orlando Monteiro da Silva afirma que “a Ordem dos Médicos Dentistas é frontalmente adversa” a esta proposta da ADSE.
Esta semana também o bastonário da Ordem dos Médicos classificou como “absolutamente escandalosos” os preços que a ADSE paga por alguns atos médicos, que muitas vezes não chegam sequer para as despesas do material usado em exames.
“Os preços que a ADSE tem praticado são absolutamente escandalosos. Existem alguns atos médicos, como as biopsias da próstata, endoscopias urológicas, entre outros, em que a remuneração paga pela ADSE nem sequer serve para cobrir as despesas do material que é utilizado para os exames”, afirmou o bastonário Miguel Guimarães, em declarações à agência Lusa.
O representante dos médicos afirma que tem recebido, de forma reiterada, queixas sobre os preços pagos pela ADSE, reclamações que chegam sobretudo da medicina privada.
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