“Estou em condições de garantir que o Governo continua empenhado num diálogo franco e leal com os médicos e com os outros profissionais de saúde. (…) Desde logo, para haver acordo são precisas duas partes e, portanto, procurarei fazer a minha parte”, afirmou Manuel Pizarro, acrescentando: “É preciso que todos sejamos capazes de fazer o diálogo com este espírito de abertura”.
À margem de uma visita ao hospital de Santa Maria, em Lisboa, Manuel Pizarro recusou antecipar as propostas que levará para a ronda negocial de quinta-feira, justificando: “não vou antecipar (…), a ronda negocial é uma conversa séria entre duas partes, igualmente empenhadas no progresso do Serviço Nacional de Saúde”.
“As negociações pressupõem que uma parte e a outra evoluam nas suas posições. Naturalmente que esta ronda negocial parte com uma proposta diferente da parte do Governo e eu espero que haja também a mesma capacidade do outro lado de procurar este entendimento”, sublinhou.
O governante falava depois de visitar as obras da nova maternidade do Hospital Santa Maria – que receberá o nome de Luis Mendes da Graça, antigo diretor do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia e Medicina da Reprodução do Centro Hospitalar Lisboa Norte –, que devem estar concluídas em abril de 2024.
O investimento global de seis milhões de euros vai permitir remodelar a urgência de obstetrícia e ginecologia e construir 12 salas, dois blocos operatórios e uma sala de observações na nova maternidade, num total de cerca de 1.000 metros quadrados de área nova a ser construída.
Está também prevista a remodelação e ampliação do internamento de puérperas, no piso 5 do Hospital Santa Maria, a remodelação das instalações para a ecografia obstétrica, que passará a funcionar na área do atual bloco de partos, localizado no piso 6, e a expansão do Serviço de Neonatologia.
Antes das obras da maternidade, Pizarro visitou o nosso Serviço de Psiquiatria, que tem 43 camas de internamento, já ocupadas desde julho, num investimento de 850 mil euros por via do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Manuel Pizarro foi ainda questionado sobre os problemas das escalas das urgências e sobre as escusas que os médicos têm vindo a apresentar para recusar fazer mais do que as 150 horas extraordinárias estipuladas na lei.
Sobre esta matéria, o ministro disse que a situação das urgências “é motivo de preocupação”, mas frisou que o Governo “tem sido capaz de tomar as medidas de contingência que permitem garantir uma resposta aos portugueses”, admitindo que, nalguns casos, “infelizmente, é uma resposta que é um pouco mais distante”.
“Em alguns casos, [é] uma resposta que mantém o mesmo nível de prontidão e de proximidade. Noutros casos, infelizmente, [é] uma resposta que é um pouco mais distante, mas que está lá porque o Serviço Nacional de Saúde é uma rede (…) com hospitais, com centros de saúde, com urgências básicas e uma rede com emergência pré-hospitalar para que as pessoas se sintam seguras”, afirmou.
Sobre a possibilidade de as escusas dos médicos dificultarem a elaboração de escalas ao ponto de levar o serviço de urgências a um colapso, Pizarro respondeu: “Acho que ainda estamos muito longe dessa situação de colapso”.
“Não diminuo nem ignoro os problemas e os constrangimentos que estamos a enfrentar, mas estamos a trabalhar muito ativamente no plano das negociações com os sindicatos médicos, mas também, em cada hospital, reorganizando os serviços e fazendo com que o funcionamento da rede possa compensar alguns constrangimentos que temos”, acrescentou.
Comentários