“Devemos dar todos os passos para ir além da exploração do lítio, do ponto de vista da extração geológica, procurando estruturar todo um ‘cluster’ e uma fileira industrial que, beneficiando desse recurso, vá o mais longe possível na cadeia de valor, mas não temos para Portugal nenhum projeto de fomento mineiro”, disse.

Matos Fernandes falava em S. Jacinto, Aveiro, onde presidiu à inauguração da obra de requalificação das áreas de acolhimento da Reserva Natural das Dunas.

Segundo o ministro, para quem a alternativa à exploração do lítio em Portugal é a sua importação, as baterias de lítio são fundamentais para armazenar energia de fontes renováveis, e só assim será possível o país cumprir as metas de descarbonização: em 2030 cerca de 80% de eletricidade com origem em fontes renováveis e em 2050 atingir os 100%.

O governante assegurou que o concurso para a prospeção exploração do lítio é rodeado de “todos os cuidados ambientais”, sendo a ponderação feita caso a caso, entre o contributo para a descarbonização e os ecossistemas locais a preservar, na avaliação de impacto ambiental.

O ministro do Ambiente aproveitou para referir que existem em Portugal 56 explorações de feldspato, usado na indústria cerâmica, cujo impacto é semelhante.

“Em que é que a exploração de lítio é diferente da de feldspato? Em nada. Trata-se de uma pedreira, onde se faz o desmonte de pedra e uma parcela dessa pedra é minério de lítio”, questionou.

De visita à Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, o ministro aproveitou para refutar críticas ao novo modelo de cogestão das reservas e parques naturais, salientando que o Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF) não perde nenhuma das suas competências, inclusive o licenciamento.

Aquele instituto público recebeu hoje da Sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro o novo Centro Interpretativo e de Acolhimento da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, obra iniciada em janeiro de 2017 e que custou cerca de um milhão de euros.