O complexo que já foi o maior empregador da região, com mais de mil postos de trabalho, entrou em decadência na década de 1980 e tenta agora reerguer-se dos impactos de dois incêndios, em 2013 e 1016, que deixaram cinco mil toneladas de resíduos perigosos.
A retirada dos resíduos foi concluída no início do ano e o ministro do Ambiente visitou hoje as instalações, respondendo positivamente às pretensões locais de apoio para uma nova fase da reabilitação que é a remoção dos escombros e para a qual serão necessários, pelo menos 200 mil euros.
O ministro adiantou que será tornado público até ao final do mês de janeiro o despacho do Fundo Ambiental, que é da sua responsabilidade, “e esta era mesmo a altura ideal para vir perceber o que é que ainda faz falta no Cachão”.
O governante indicou que mesmo que não seja possível financiar os trabalhos no todo, pelo menos “uma boa parte” deverá ser contemplada “nesse despacho do final de janeiro”.
O Fundo Ambiental tem a expectativa de receita para o ano de 2019 de 397 milhões de euros destinada aos diferentes projetos que podem se candidatados a este apoio financeiro a nível nacional.
O antigo complexo Agro Industrial do Nordeste (CAICA) é agora Sociedade Agro Industrial do Nordeste (AIN) gerida pelas Câmaras de Mirandela e Vila Flor.
Os municípios e a administração substituíram à empresa Mirapapel que armazenava plástico e papel prensado em vários espaços do complexo, depois de cinco anos de poluição ambiental resultantes dos resíduos queimados que permaneceram no local.
“Esta era uma preocupação das autarquias, da CCDR-N [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte] à qual o Estado se associou porque havia aqui um passivo ambiental. Eram cerca de cinco mil toneladas de lixo que tinham necessariamente que sair daqui, que não deixavam de ser um entrave até à própria captação de outros negócios e de outros interesses económicos para a zona do Cachão”, considerou hoje o ministro.
O Fundo Ambiental financiou a retirada dos resíduos, orçada em perto de 270 mil euros e as autarquias realizaram os trabalhos adjudicados a uma empresa do setor.
As administrações central e local substituíram-se à empresa que armazenou o lixo para resolver um problema ambiental e de saúde pública, porém o ministro indicou hoje que não deixarão de, em conjunto, “procurar saber se há alguém com uma responsabilidade mais direta e, se assim for, ir à procura de ser ressarcido por esse mesmo valor que aqui foi investido”.
“Cumprimos a nossa missão e, por isso, estamos satisfeitos. Foi um trabalho muito difícil, mas neste momento, depois de feito e em prol das pessoas do Cachão, que era as mais atingida, ficamos satisfeitos”, afirmou o presidente do Conselho de Administração do Cachão e presidente da Câmara de Vila Flor, Fernando Barros.
A reabilitação daquele espaço é para o responsável “premente e necessária” para acabar com o “ar fantasmagórico que ficou, não só no aspeto visual, mas também em questões de segurança, porque há paredes em risco de ruína”.
Depois da reabilitação ambiental e física, as duas câmaras irão trabalhar, como referiu, “no sentido também de promover a reabilitação económica e financeira”, nomeadamente tentar captar mais investimentos para o Cachão.
Atualmente estão ali instaladas poucas empresas nas áreas das lãs, castanha, azeite, um laboratório de análises, que empregam cerca de uma centena de pessoas, a maior parte das quais no matadouro regional, que foi encerrada antes do Natal pela ASAE.
O matadouro é o maior da região e está a ser sujeito a obras ao nível de pinturas e substituições de pavimentos, com Fernando Barros a esperar “que no final do mês estejam reunidas as condições para pedir uma vistoria para reabrir”.
O responsável está convencido de que há condições para criar uma nova dinâmica no complexo que tem gás canalizado, ETAR, abastecimento de água, e está a dez quilómetros de duas das principais estradas transmontanas, o IC5 e a A4.
Já o presidente da junta de freguesia de Frechas, José Carlos Teixeira, que abrange o Cachão, está satisfeito com os avanços, porém de forma “realista”, considera que o antigo complexo “nunca vai ser aquilo que já foi”.
“Mas presumo que é o início de uma nova etapa e agora com a retirada do lixo tem mais condições para captar empresas e há interessadas em vir para este complexo”, considerou.
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