"Os ministros das Finanças, que se reuniram esta manhã com a Comissão Europeia, com o Banco Central Europeu, vão pôr em prática todas as sanções adotadas. Vamos tocar todos os interesses russos, sempre e até quando for necessário [...] Tomámos também a decisão de preparar novas sanções ainda mais penalizadoras contra a as instituições financeiras russas", afirmou o ministro francês da Economia e das Finanças, Bruno Le Maire, em declarações aos jornalistas.
Bruno Le Maire é o anfitrião da reunião informal dos ministros da Economia e Finanças da União Europeia que decorre hoje em Paris, dedicada em grande parte à invasão da Ucrânia por parte da Rússia. João Leão, ministro das Finanças de Portugal, também marca presença neste encontro.
Esta reunião já estava prevista no âmbito da presidência francesa do Conselho da União Europeia, adaptando o programa à atualidade internacional e encurtando a sua duração, já que a reunião termina hoje e só deveria terminar sábado.
Também presente na reunião em Paris, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), assegurou que tanto o BCE como todos os bancos centrais europeus vão "implementar de forma rigorosa" as sanções adotadas, com a líder europeia a apontar que ainda não se pode avaliar o impacto deste conflito na economia dos 27.
"Discutimos as implicações da agressão militar contra a Ucrânia e é prematuro ainda avaliar o impacto do conflito porque a situação está a evoluir hora a hora", explicou Christine Lagarde, indicando que as maiores alterações se vão verificar a nível dos preços da energia, já que o gás está seis vezes mais caro hoje do que há um ano.
Em França, Bruno Le Maire anunciou o congelamento de todos os bens de figuras políticas e económicas russas visadas pelas sanções.
"A nível nacional, pedi que recenseassem a integralidade de bens em França de personalidades políticas e económicas que tenham sido visadas pelas sanções. Vamos bloquear o acesso de todas estas personalidades aos seus bens em solo francês", declarou o ministro.
Quanto à exclusão do sistema SWIFT da Rússia, medida ainda não aplicada pela União Europeia, o ministro francês disse que houve reservas por parte de "alguns" Estados-membros", embora continue a ser uma opção.
"Falta a questão do SWIFT. É arma nuclear financeira, já que é o que permite o acesso das intuições financeiras russas a todos os estabelecimentos financeiros no mundo. Tivemos esta manhã uma discussão e dizemos que todas as opções estão na mesa, mas é preciso refletir antes de o fazer. Alguns Estados-membros mostraram algumas reservas e França não faz parte desses Estados", revelou o ministro ao ser questionado pelos jornalistas.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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