A Unidade Local de Saúde de Santa Maria (ULSSM) vai assinar mais duas parcerias com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) para assegurar assistência médica e de enfermagem a mais 5000 pessoas sem médico de família nos bairros do Padre Cruz e da Liberdade, em Campolide, segundo o Público.
"O protocolo a celebrar esta semana entre a Santa Casa e a ULS de Santa Maria surge de uma vontade comum por parte destas duas entidades em potenciarem sinergias em prol dos utentes, no âmbito da reorganização recente do SNS", diz a Santa Casa.
Está previsto que as duas novas parcerias entrem em vigor a 1 de outubro e que os utentes passem a ter acesso a consultas em unidades de saúde geridas pela SCML, que têm os seus próprios profissionais de saúde.
Carlos Martins, presidente do Conselho de Administração da ULSSM, explica que, atualmente, há cerca de 100 mil utentes sem médico de família atribuído na área de influência da ULS e que, por isso, irá manter este tipo de acordos com as misericórdias até que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) consiga dar respostas.
“As pessoas inscrevem-se e têm acesso a médico. A forma é diferente e a casuística também”, explica.
O objetivo da ULS de Santa Maria é, até ao próximo verão, criar cinco novas unidades de saúde familiar modelo B, com a contratação de 14 novos médicos de família, o que deverá permitir baixar em 50% o número de pessoas sem médico. Contudo, este número pode variar, uma vez que depende das novas inscrições de utentes e dos médicos que, entretanto, se reformam.
Em agosto deste ano, havia 1,6 milhões de pessoas sem médico atribuído em Portugal continental, cerca de 30% na região de Lisboa.
Modelo C pode substituir Bata Branca
Em 2023, um protocolo semelhante, com um custo de cerca de 400 mil euros por ano, foi alcançado para cerca de 5000 pessoas sem médico de família na zona de Telheiras, em Lisboa. Desde então são feitas ali, em média, 1250 consultas médicas por mês e mais de 1000 atendimentos de enfermagem.
Estas parcerias são alinhadas com o projeto Bata Branca, que foi criado pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em 2017, e consiste em acordos de colaboração entre misericórdias, ULS e autarquias, que têm permitido assegurar consultas médicas a utentes que não têm médico de família na região de Lisboa e Vale do Tejo e Oeste, a que tem mais pessoas nesta situação, a par do Algarve.
Atualmente, estão em vigor acordos com 16 misericórdias (nos distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém e Leiria), e um outro com o Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, de acordo com os dados da UMP, citados pela publicação.
No entanto, com as unidades de saúde familiar modelo C (USF C) com que o Governo quer avançar, os projetos Bata Branca poderão desaparecer, uma vez que o modelo suscita interesse às misericórdias.
“O modelo C é muito mais interessante, podemos fazer atividade clínica global para uma certa população”, refere Manual Caldas Almeida, vice-presidente da UMP. “Nenhuma misericórdia ganhou um tostão com o Bata Branca", acrescentou ainda.
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