Em declarações à Lusa, Nuno Cardoso Santos, o responsável nacional pela missão e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, contou que a PLATO “é mais um exemplo” de como “a participação científica na missão permitiu envolver a indústria nacional”.
“Estarmos envolvidos neste projeto são passos fundamentais para garantir que a aliança científica que temos hoje a nível internacional se mantenha daqui a dez ou 20 anos. Estes são projetos a longo prazo, que nos garantem um papel relevante na comunidade científica”, salientou o investigador.
A missão PLATO vai iniciar-se em 2026 e tem como propósito medir o brilho de cerca de 80 mil estrelas para observar se os planetas em torno dessas estrelas têm características semelhantes à terra como, por exemplo, se são de tipo rochoso ou se a distância que mantém da estrela permite a existência de água líquida.
PLATO visa ainda a criação de “um primeiro catálogo de planetas” que vai permitir, futuramente, um estudo mais detalhado sobre as suas composições químicas e as suas atmosferas.
No dia 04 de outubro, durante o Congresso Internacional de Astronáutica em Bremen (norte da Alemanha), liderado pela empresa alemã OHB Systems, a missão entrou em fase industrial com a assinatura de um contrato para a construção de um satélite.
Segundo Nuno Cardoso Santos, em Portugal, a empresa DEIMOS está a desenvolver equipamentos de software, uma empresa do Porto está a desenvolver parte do hardware e o Instituto de Astrofísica está a desenvolver equipamentos de software, mais direcionados à área das ciências, e ainda um sistema ótico para as câmaras que vão para o espaço.
“Neste momento temos todos os meios e um plano a longo prazo muito bem consolidado e delineado que nos permite, se tudo correr dentro da normalidade, estar a trabalhar com os melhores institutos e profissionais nesta área, assim como estarmos envolvidos nos melhores projetos”, frisou.
Para o responsável nacional pela missão PLATO, este é “o grande passo” que alguma vez a astrofísica deu à procura de planetas semelhantes à terra.
“A missão PLATO vai ser a única missão que neste momento nos vai permitir descobrir outros planetas semelhantes ao nosso, medir o seu tamanho e completar informação sobre eles, pelo menos de forma tão sistemática como vai ser”, acrescentou.
Para além do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, nesta missão, aprovada pelo Comité do Programa Científico da Agência Espacial Europeia, colaboram também o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL) e outros centros de investigação europeus.
Notícia corrigida às 13:43 de 13/10/2018: Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e não Cenro de Astrofísica da Universidade do Porto)
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