O alto-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, e os governantes com a pasta da diplomacia nos 27, entre os quais João Gomes Cravinho, reúnem-se no Luxemburgo para falar sobre os últimos desenvolvimentos nos diversos conflitos que assolam o mundo e que poderão reescrever o panorama geopolítico.
Os 27 abordarão o apoio político, económico-financeiro e militar prestado à Ucrânia até hoje, o que pode avizinhar-se no futuro no conflito e como é que esforços adicionais são possíveis para tentar acabar com a agressão russa, iniciada em fevereiro de 2022.
Está previsto um ponto de situação sobre as sanções à Rússia.
Josep Borrell também quer dedicar parte da reunião ao reposicionamento estratégico em relação à China, visto como um dos principais adversários da UE no plano político-económico, e sobre a região africana do Sahel, confrontada com vários golpes militares nos últimos anos e com uma crescente radicalização religiosa.
A UE não quer desviar atenções da Ucrânia, mas o chefe da diplomacia europeia já alertou que é necessário acompanhar as movimentações de países que tentam influenciar os rumos dos países do Sahel, destabilizando a região.
A evolução da situação na Arménia e no Azerbaijão, relacionada com o enclave do Nagorno-Karabakh, também consta nos tópicos da agenda.
No entanto, um dos focos da agenda de trabalho deste Conselho de Negócios Estrangeiros será o clima de tensão no Médio Oriente e a guerra em curso entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque conduzido pelo grupo islamita palestiniano no passado 07 de outubro em solo israelita.
Sobre esta matéria, é expectável que os ministros centrem o seu intercâmbio em aspetos como o empenhamento internacional da UE, a colaboração com os atores regionais para evitar repercussões, a proteção dos cidadãos da UE e prestação de assistência consular, a reafirmação do empenhamento a longo prazo da UE no processo de paz no Médio Oriente e a abordagem da situação humanitária em Gaza.
Está previsto que a Comissão Europeia informe os chefes da diplomacia dos 27 sobre a prestação de assistência humanitária e sobre o processo de revisão em curso da ajuda ao desenvolvimento da UE à Autoridade Palestiniana.
Fonte diplomática da UE disse que não deverão sair posições políticas sobre a retaliação de Israel ao movimento islamita Hamas e a necessidade de preservar a população palestiniana que vive em Gaza, enclave controlado pelo Hamas desde 2007.
A UE quer fechar recentes polémicas associadas a esta matéria e insiste que a declaração dos líderes europeus do último fim de semana — que condena o ataque do Hamas, reafirma a legitimidade de Telavive à sua defesa, mas em respeito pela lei humanitária internacional — e que foi reiterada na reunião extraordinária do Conselho Europeu de terça-feira, é a final.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi alvo de críticas na última semana por não se ter pronunciado sobre o povo palestiniano e sobre a retaliação israelita contra o Hamas.
A coordenação entre os Estados-membros em matéria de cruzamento de informações sobre cidadãos que potencialmente representam um perigo para a UE deverá ser igualmente abordada, depois de recentes ataques na Bélgica e em França, alegadamente relacionados com motivações religiosas extremadas.
Ainda neste encontro, os ministros participam na 19.ª reunião ministerial UE-Ásia Central, com a presença de cinco países da região: Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e o Uzbequistão.
A reunião dos governantes com a pasta da diplomacia na UE antecede a reunião do Conselho Europeu, marcada para 26 e 27 de outubro.
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