“É muito importante, numa situação muitíssimo tensa, de profunda desconfiança entre as partes, que haja coragem, de parte a parte, para regressar ao cessar-fogo e é esse o apelo que temos vindo a fazer”, disse João Gomes Cravinho, que está no Dubai a acompanhar o primeiro-ministro na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28).

Após uma semana de trégua, Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas anunciaram hoje o fim do cessar-fogo e o recomeçar dos combates na Faixa de Gaza.

Em declarações aos jornalistas, o ministro voltou a insistir numa “solução de dois estados” e defendeu que o mais importante é regressar “à cessação das hostilidades para começar a discutir o futuro”.

A interrupção dos combates começou há uma semana, a 24 de novembro, inicialmente durante quatro dias até ter sido prolongada com a ajuda do Qatar e do Egito, países mediadores, mas terminou hoje às 07:00 da manhã (05:00 em Lisboa).

Durante a trégua, o Hamas e outros militantes de Gaza libertaram mais de 100 reféns, na maioria israelitas, em troca de 240 palestinianos detidos em prisões de Israel.

“Perdemos todos com esta situação, o que sublinha ainda mais a necessidade de apaziguarmos a situação no Médio Oriente, a necessidade de se pôr fim à guerra na Ucrânia com a retirada das forças russas”, acrescentou João Gomes Cravinho.

Referindo-se ao tema da cimeira, em que está a participar entre hoje e sábado, e também às declarações do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu que o planeta precisa de investimento e “esse investimento não está a ir na direção certa”.

Lula da Silva, numa intervenção num segmento da COP28, destinado a líderes políticos, criticou o montante gasto em armas citando, sem especificar a fonte, que no ano passado o mundo gastou mais de dois biliões de dólares [cerca de 1,8 biliões de euros] em armas, quantia que poderia ser investida no combate à fome e às alterações climáticas.

*Por Mariana Caeiro, enviada da agência Lusa