“A Frelimo acompanha com muita preocupação [a situação em Palma]. Nós olhamos como um ataque à nossa soberania, ataque ao desenvolvimento deste país”, disse hoje porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Caifadine Manasse, em entrevista hoje à Lusa.

Caifadine Manasse avançou que a ação dos grupos armados que atuam na província de Cabo Delgado, norte do país, onde se situa Palma, visa minar a paz em Moçambique, na África Austral e em todo o mundo.

“Temos que estar juntos e tudo fazermos para repudiar totalmente este tipo de ataques macabros perpetrados por pessoas que não querem ver o desenvolvimento, não querem ver a tranquilidade dos moçambicanos e, particularmente, da região da África Austral e do mundo, em geral”, frisou.

O porta-voz da Frelimo rejeitou acusações de que o Governo negligenciou a ameaça do extremismo violento ainda no início das atividades dos grupos armados em 2017, destacando que a prioridade do executivo é proteger a vida e os bens das populações face a ações “terroristas”.

“O Governo nunca negligenciou os ataques, terrorismo é terrorismo. Em qualquer parte do mundo, o terrorismo é algo [que acontece] de surpresa, é algo que acontece de uma forma desprevenida”, destacou.

O porta-voz do partido no poder assinalou que as autoridades moçambicanas estão a “responder cabalmente” aos ataques de grupos armados em Cabo Delgado, dando condições e formação às Forças de Defesa e Segurança (FDS).

“Neste momento, o importante é estarmos todos unidos, acarinhar o Governo e fazer com que o Governo crie condições para que Palma e Cabo Delgado estejam em paz”, enfatizou Caifadine Manasse.

O executivo moçambicano, prosseguiu, está empenhado na cooperação com os seus parceiros internacionais, para uma ação conjunta no combate ao terrorismo.

“Sobre o terrorismo, o Governo nunca negou apoio, os apoios estão a acontecer. Várias instituições, vários países, várias chancelarias, vários diplomatas vêm para o país e têm feito encontros recorrentes com o Presidente da República [Filipe Nyusi], o ministro da Defesa [Jaime Neto] e o ministro do Interior [Amade Miquidade], para ver quais são as melhores formas de combater o terrorismo em Moçambique”, destacou.

Nessa ação, continuou, o executivo está a receber a colaboração de vários estados, incluindo Portugal e EUA.

“Cada um dá o apoio que é necessário, mas quem tem de combater o terrorismo, quem tem que defender a soberania moçambicana são os moçambicanos, é o exército moçambicano”, salientou o porta-voz do partido no poder.

A vila de Palma, cerca de 25 quilómetros do projeto de gás natural da multinacional Total, sofreu um ataque armado na quarta-feira da semana passada que as autoridades moçambicanas dizem ter resultado na morte de dezenas de pessoas e na fuga de centenas.

A violência em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados, segundo agências da ONU, e mais de duas mil mortes, segundo contas feitas pela Lusa.

O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

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