Numa mensagem de “preocupação pelos acontecimentos trágicos em Moçambique”, o presidente do parlamento português classificou o duplo homicídio como um ato de "violência política", reiterando “que os parlamentos são as instituições por excelência para um justo combate de ideias”.

“Condeno com veemência este ato de violência política”, escreveu Aguiar-Branco, enviando as suas “condolências aos familiares das vítimas e ao povo moçambicano”.

“Continuarei ainda a acompanhar os desenvolvimentos da situação moçambicana, reafirmando os laços de proximidade e de solidariedade que unem os nossos povos”, disse.

A polícia moçambicana confirmou hoje que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia, mortos a tiro, foi “emboscada” e um terceiro ocupante ferido.

O crime aconteceu cerca das 23:20 locais (menos uma hora em Lisboa) de sexta-feira, na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e segundo a polícia um outro ocupante, uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura, foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada ao Hospital Central de Maputo.

O advogado Elvino Dias, conhecido defensor de casos de direitos humanos em Moçambique, era assessor jurídico de Venâncio Mondlane e Paulo Guambe era mandatário nacional das listas às legislativas e provinciais do partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que apoia aquele candidato.

As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

A CNE tem 15 dias, após o fecho das urnas, para anunciar os resultados oficiais das eleições, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, depois de concluída a análise, também, de eventuais recursos, mas sem um prazo definido para esse efeito.

As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação, que recolhe em todo o país.

Venâncio Mondlane garantiu na quinta-feira, na Beira, centro de Moçambique, que após o anúncio dos resultados das eleições gerais vai recorrer ao Conselho Constitucional, com as atas e editais originais da votação.

Mondlane convocou hoje para segunda-feira marchas de protesto pelo duplo homicídio.

O Governo português, a União Europeia e as representações diplomáticas em Maputo dos Estados Unidos da América, Canadá, Noruega, Suíça e do Reino Unido condenaram estes assassínios, por entre apelos a uma investigação cabal e rápida.