“São boas notícias para o primeiro-ministro e para a sua visita [a Angola] de posicionar Portugal não só na relação bilateral com África, mas também como líder da relação da Europa com África”, sustentou Carlos Moedas, titular da pasta da Inovação e Ciência na Comissão Europeia, em declarações aos jornalistas em Estrasburgo, sede do Parlamento Europeu, em França.
Moedas comentava o anúncio feito pelo presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, no seu discurso sobre o Estado da União, no Parlamento Europeu, de avançar uma nova parceria “África-Europa” que “aumente substancialmente” o investimento no continente africano e fomente o emprego e as trocas comerciais.
Além de aplaudir esta decisão de Juncker, o comissário português considerou que abre a Portugal a oportunidade de “ser líder nestes projetos”.
“Portugal é um dos grandes países que tem relações com África e pode estar no centro deste projeto. Portugal tem muito a trazer para a discussão”, sublinhou.
Carlos Moedas recordou que “a China está a tomar uma posição em África” e os europeus não podem ficar fora dessa corrida.
“Nós, europeus, temos que, de certa forma, entrar nessa corrida, temos que nos posicionar. Não contra a China, mas temos de nos posicionar até porque temos uma relação privilegiada com África. Não faz sentido que a China esteja a investir mais em África do que a Europa”, argumentou.
Carlos Moedas elogiou a opção da Comissão Europeia de “passar do assistencialismo para uma parceria”, de igual para igual, e prometeu “ajudar o mais possível” na área da investigação.
O comissário europeu afirmou ainda que vai iniciar projetos no âmbito dos ensaios clínicos com a África do Sul e, em breve, fará uma visita a Cabo Verde também centrada na cooperação na área da inovação.
Moedas mostrou-se de acordo com a posição do Partido Popular Europeu, a sua família política, relativamente à instauração de um procedimento disciplinar à Hungria por violação grave dos valores europeus pelo Governo de Viktor Órban, em matérias como migrações e Estado de direito.
"Seria sempre contra um governo que neste momento tem cientistas, professores que não podem fazer a ciência que querem. Vejo isso com uma grande ansiedade e com uma grande tristeza", salientou, mostrando-se antecipadamente de acordo com a aprovação do relatório sobre a Hungria, que recomenda a ativação do artigo 7.º do Tratado da União Europeia, que prevê, como sanção máxima, a suspensão dos direitos de voto do Estado-membro em causa no Conselho.
O comissário europeu mostrou-se também de acordo com a ideia de a Europa agir em termos de cibersegurança, tentando encontrar mecanismos de gestão da rede à escala global.
"Nós, hoje, temos ataques de uma agressividade incrível. Como é que nós não conseguimos eliminar isso na primeira hora, se há um conteúdo terrorista, como é que não o conseguimos eliminar? A Internet tornou-se global, mas não tem a gestão de nenhum governo. Vamos ter de passar a olhar para esta governança global da Internet. Não será só a Europa, mas a Europa terá um grande papel", defendeu.
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