Em entrevista à SIC, Luís Montenegro defendeu que, no setor da saúde, “é preciso acabar com a teimosia ideológica”.
“Quando for empossado primeiro-ministro, uma das primeiras medidas que tomarei é fazer executar um programa de emergência que dê às pessoas a possibilidade de terem consultas que não têm hoje ou estão em atraso, as cirurgias que não têm ou estão em atraso e o médico de família que não têm”, disse.
O presidente do PSD disse que este programa será feito “contratualizando com privados e setor social”, e recusou as críticas de que o partido queira privatizar os serviços públicos.
“Não, estamos a aproveitar a capacidade instalada para servir o cidadão, o nosso centro é o cidadão”, afirmou, dizendo que foram os governos do PS que “empurraram as pessoas para o setor privado” na saúde.
Luís Montenegro considerou até que vai ser “muito difícil” reter os profissionais de saúde no setor público sem “uma gestão de complementaridade entre os setores público, privado e social”, dizendo que têm saídas profissionais mais atrativas nestes últimos.
Na entrevista, o líder social-democrata reiterou propostas que tem apresentado, como a reposição faseada do tempo de serviço congelado dos professores ou, no Congresso do passado sábado, a subida do valor de referência do Complemento Solidário para Idosos para 820 euros no final da legislatura.
“É uma meta exequível, não é nada de fantástico à beira de propostas como a que ainda hoje ouvi de desbloquear todas as carreiras da administração pública e pagar o período que perderam nas últimas décadas”, disse, referindo-se à proposta apresentada por Pedro Nuno Santos na sua moção de estratégia global de “recuperação gradual do tempo de serviço que esteve congelado" de todos os funcionários públicos.
“Vamos lá ver, pedem-me contas a mim, eu é que tenho de pedir contas a quem apresenta uma proposta dessa envergadura, essa sim tem um alcance muito maior”, considerou.
Questionado qual dos candidatos à liderança do PS prefere, Montenegro começou por dizer que “era indiferente” ao PSD, manifestando respeito quer por Pedro Nuno Santos, quer por José Luís Carneiro, mas salientando que “ambos fizeram parte do Governo de António Costa”.
Mais à frente, admitiu que o ex-ministro das Infraestruturas “é um candidato associado a três das maiores trapalhadas do Governo”, referindo-se ao anúncio de uma localização do novo aeroporto “contra a vontade do primeiro-ministro”, à concordância dada por ‘whatsapp’ à indemnização à ex-administradora da TAP Alexandra Reis e até à decisão de o Estado injetar 3,2 mil milhões de euros na companhia aérea.
“Daria para pagar, por exemplo, dez anos de recuperação total do tempo de serviço dos professores ou dez anos ou mais de subida do Complemento Solidário para Idosos”, afirmou.
Na entrevista, Montenegro reiterou que, se vencer as eleições, apresentará um Orçamento retificativo ao documento aprovado na quarta-feira na Assembleia da República.
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