Na nota, em que a associação dá conta das suas várias objeções à escolha do Montijo para a instalação do novo aeroporto, a associação adianta que “irá solicitar uma reunião com urgência ao regulador nacional, a ANAC [Autoridade Nacional da Aviação Civil], para pedir esclarecimentos que depois levará ao conhecimento do regulador internacional, a EASA, para que este se pronuncie sobre as condições de segurança do ‘apeadeiro’ do Montijo e nomeadamente as suas pistas”.
Esta decisão foi tomada tendo em conta “os problemas ao nível da segurança de voo que já foram assinalados”, sublinhando a associação que “as propostas derivadas dos variados estudos realizados não apresentam soluções credíveis ou sequer exequíveis para afastar os perigos existentes para as populações e passageiros”.
A Associação Peço a Palavra recorda que “o novo aeroporto de Lisboa (NAL) anda a ser estudado há 50 anos (para se ter uma ideia, ao longo dos anos, já foram analisadas 17 localizações). A razão de ser imperativo construir o NAL não é só pela necessidade de expansão, mas também por se ter de retirar o aeroporto do centro da cidade”, refere, no comunicado.
“A única localização que reuniu até agora todos os estudos necessários para permitir o início do desenvolvimento do projeto e para conseguirmos competir com Madrid e, com isso, fazer crescer a nossa economia para patamares mais elevados, é o Campo de Tiro de Alcochete”, uma solução que já esteve em cima da mesa em legislaturas anteriores, afirma a associação.
A estrutura estranha que o Governo “venha defender a construção de um aeroporto secundário no Montijo (a que se tem chamado justamente de 'apeadeiro'), que tem um prazo de vida muito curto (cerca de nove anos), e que a grande maioria das companhias aéreas já afirmou que, por variadas razões, não têm intenção de o vir a utilizar”.
A Associação Peço a Palavra acredita que “um governo tem o dever patriótico de ouvir os seus cidadãos, particularmente aqueles que têm reconhecidos conhecimentos técnicos sobre a matéria em análise”, recordando “a posição da Ordem dos Engenheiros, entidade acima de qualquer suspeita, que arrasou a opção do Governo”.
Além das questões de segurança e ambientais, o organismo alerta para “os efeitos que a construção de um 'apeadeiro' no Montijo teria nos ecossistemas e na saúde das populações que residem nos concelhos limítrofes, criando a ilusão de que é possível mitigar o que esses residentes teriam de vir a suportar”.
Quanto à questão do financiamento, a associação relembra “que a construção de um aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete pode ser feita em quatro fases” e que seria mais rápido avançar com a primeira fase, para servir de forma complementar ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
A associação apela ainda à realização de um referendo sobre este assunto, remetendo para uma iniciativa cidadã que está a decorrer neste sentido.
A associação critica que Portugal “esteja refém dos interesses económicos de empresas estrangeiras como a Vinci, que 'ganhou' a privatização da ANA – Aeroportos de Portugal, tendo recuperado, em apenas cinco anos (2013/2017), 19% do total do que pagou pela privatização de todos os aeroportos nacionais, aumentando sucessiva e descontroladamente as taxas dos aeroportos para obter lucros rápidos”.
A Associação Peço a Palavra, sem fins lucrativos, conta com várias personalidades nos seus órgãos sociais, sendo presidida por António-Pedro Vasconcelos, e pretende a “dinamização de uma cidadania ativa relativamente aos interesses nacionais, ajudando todos os cidadãos a ter uma maior participação democrática”, segundo informação no seu ‘site’.
Em 08 de janeiro de 2019, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo, na margem sul do Tejo, num novo aeroporto.
O aeroporto do Montijo poderá ter os primeiros trabalhos no terreno já este ano, depois da emissão da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) e da reorganização do espaço aéreo militar e após os vários avanços registados em 2019.
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