Numa mensagem colocada na rede social Facebook, Tom Evans escreveu: "O meu gladiador posou o seu escudo e ganhou as asas às 02.30 ... absolutamente desconsolado."

Os pais de Alfie tinham tentado, sem sucesso, que a justiça britânica os autorizasse a levar a criança para Itália.

A criança tinha uma condição neurológica degenerativa incurável e recebia tratamento no Hospital Pediátrico Alder Hey, em Liverpool.

Os médicos argumentavam que Alfie estava num “estado semivegetativo”, em resultado de uma doença degenerativa do cérebro que não conseguiram identificar com precisão, que a sua atividade cerebral era reduzida e que era inútil proceder a mais tratamentos.

Os pais - Tom Evans, de 21 anos, e Kate James, de 20 anos - recusaram-se a aceitar a decisão e lutaram para impedir que as máquinas que mantinham o filho vivo fossem desligadas.

Alfie foi retirado do ventilador esta segunda-feira, após uma série de decisões judiciais estipulando a interrupção do tratamento médico. O bebé sobreviveu seis horas sem respiração assistida e os médicos retomaram então o fornecimento de oxigénio e hidratação pelo facto de o bebé estar a reagir “significativamente melhor” do que se previa, relatou na altura o pai.

Por seu lado, os médicos sustentaram ser difícil calcular quanto tempo poderia Alfie sobreviver sem suporte vital, mas frisaram que não havia hipótese de melhorar.

A batalha legal entre os pais de Alfie e os médicos, que durou meses, teve intervenções do Papa Francisco e das autoridades italianas, que apoiaram as pretensões da família de que o filho recebesse tratamento no Hospital Pediátrico Bambino Gesu, do Vaticano, concedendo-lhe a cidadania italiana.

A diretora do Hospital Bambino Gesu, Mariella Enoc, indicou que o Ministério da Defesa italiano tinha um avião a postos para transportar Alfie, se tal fosse autorizado.

O papa Francisco chegou mesmo encontrou-se com o pai de Alfie e apelou para que os desejos dos pais do menino fossem atendidos, dizendo que só Deus pode decidir quem morre.

Ao abrigo da lei britânica, é comum os tribunais intervirem quando pais e médicos discordam quanto ao tratamento de uma criança doente.

Em tais casos, os direitos da criança têm primazia sobre o direito dos pais a decidir o que é melhor para os filhos.

Este caso tem desencadeou reações emocionais da opinião pública, com os pais do bebé a serem apoiados por uma instituição de solidariedade cristã, e um grupo autointitulado “O Exército de Alfie” (“Alfie’s Army”) a protestar regularmente à porta do hospital.