O deputado do PS, ex-presidente da Câmara da Figueira da Foz e antigo secretário de Estado do Ambiente, João Ataíde, morreu hoje, aos 61 anos, de doença súbita, disse à agência Lusa o presidente daquele município.

Carlos Monteiro não adiantou pormenores sobre a morte do seu antecessor no cargo, apenas referindo que se deveu a doença súbita. O autarca da Figueira da Foz, cidade onde João Ataíde nasceu em 1958, remeteu para mais tarde uma nota de imprensa com outras informações.

João Ataíde morreu durante a madrugada em Coimbra, onde estava após ter regressado de Lisboa na quinta-feira. O deputado socialista ainda esta quinta-feira tinha estado na Assembleia da República, no debate da eutanásia, tendo sido um dos deputados socialistas que se abstiveram na votação do projeto do PS.

Antigo presidente da Câmara da Figueira da Foz, cargo que ocupou durante uma década, João Ataíde renunciou ao mandato em abril de 2019, para integrar o Governo como secretário de Estado do Ambiente. Nas últimas eleições, foi candidato a deputado nas listas do PS pelo círculo de Coimbra, tendo sido eleito.

Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, pós-graduado em Direito do Setor Empresarial do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, João Ataíde das Neves era juiz desembargador do Tribunal da Relação de Coimbra, em licença sem vencimento desde que, em 2009, se candidatou à presidência da Câmara Municipal da Figueira da Foz, como independente, pelas listas do PS.

Reeleito por duas vezes para a presidência desse município do litoral do distrito de Coimbra, João Ataíde desempenhou ainda, entre 2014 e 2019, o cargo de presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra, a maior do país, que reúne 19 autarquias.

Depois de ter sido representante do Ministério Público da Comarca de Idanha-a-Nova (distrito de Castelo Branco) e juiz auxiliar de Porto de Mós (Leiria), João Ataíde exerceu funções na Comarca de Celorico da Beira (Guarda) e no Tribunal Judicial de Aveiro.

Entre 1991 e 2002, exerceu as funções de juiz para o Círculo Judicial da Figueira da Foz, assumindo, depois, o cargo de diretor nacional adjunto da Polícia Judiciária de Coimbra, sendo em 2004 nomeado diretor nacional adjunto da mesma polícia no Porto.

Regressou, no ano seguinte, à Figueira da Foz, onde foi nomeado juiz auxiliar para o Tribunal da Relação de Coimbra e, em 2007, juiz desembargador do Tribunal da Relação do Porto. Em 2008, passou para o Tribunal da Relação de Coimbra, onde se manteve até concorrer à presidência da Câmara da Figueira da Foz.

Em abril de 2019, durante o seu último ato autárquico, João Ataíde sublinhou que a sua decisão de integrar o Governo fechou "um ciclo duro, mas estimulante", de dez anos de presidência de câmara, em que saiu com "sentido de dever cumprido".

"Com a mesma ponderação e responsabilidade com que abracei o desafio [autárquico], decidi aceitar o convite para continuar a servir a causa pública na administração central, na certeza de que a equipa que me acompanhou está em condições de assegurar a continuidade de uma gestão [municipal] competente, transparente e rigorosa", declarou, na altura, depois de ter sido nomeado secretário de Estado do Ambiente, após a demissão de Carlos Martins na sequência do chamado ‘familygate’.

O ministro do Ambiente lamentou já a morte do ex-secretário de Estado do Ambiente, elogiando a "excecional capacidade profissional e política" e a "dedicação à causa ambiental". O presidente do PSD, Rui Rio, afirmou-se chocado com a morte de um homem de quem só pode "dizer bem".

*Com Lusa