Pianista e compositor norte-americano de origem alemã, André George Previn destacou-se no jazz, na música erudita e na composição para cinema, tendo recebido quatro Óscares pelo trabalho de direção e orquestração de bandas sonoras como “My Fair Lady”, “Irma la Douce”, “Gigi” e “Porgy and Bess”.
Como maestro, Previn tem, entre as suas interpretações de referência, o 2.º Concerto para piano e orquestra de Chopin, gravado com a pianista portuguesa Maria João Pires e a orquestra Royal Philharmonic, de que era titular, para a Deutsche Grammophon.
Nascido em Berlim, em 06 de abril de 1929, numa família judia, partiu para os Estados Unidos na infância, após a subida das forças nazis ao poder, na Alemanha.
Apoiado pelo seu tio Charles Previn, compositor dos Estúdios Universal, em Los Angeles, Previn prosseguiu na América do Norte os estudos de música iniciados aos 6 anos, na capital alemã.
Aos 16, gravou o seu primeiro álbum, como solista de jazz, entrando pouco depois como compositor na Metro Goldwyn Meyer.
Previn manteve-se nos estúdios até 1960, altura em que o trabalho na área da música erudita ganhou forma, com a associação à Orquestra Sinfónica de St. Louis, embora não tivesse deixado de compor para cinema.
Na década de 1950, gravou álbuns de jazz distinguidos pela revista Down Beat, com originais como “Who’s on First” e “Strike Out the Band”.
Em 1967, aos 38 anos, Previn obteve o primeiro posto principal como maestro, ao suceder ao histórico regente britânico John Barbirolli à frente da Orquestra Sinfónica de Houston.
Um ano depois iniciou o percurso de mais de uma década como maestro principal da Sinfónica de Londres, que aproximou a orquestra britânica do público em geral, com a realização regular do programa André Previn’s Music Night, de divulgação de música clássica, transmitido pela BBC, conquistando uma popularidade similar ao “Concerto para Jovens”, do maestro e compositor norte-americano Leonard Bernstein.
No seu percurso, sucederam-se os postos de maestro principal da Royal Philharmonic e da Filarmónica de Los Angeles.
“André Previn foi uma parte muito importante da Orquestra Sinfónica de Londres”, disse a orquestra, em comunicado, reagindo à morte do maestro.
“Estamos profundamente entristecidos com a notícia da morte de nosso regente emérito André Previn”, escreveu a Sinfónica de Londres, destacando a carreira de Previn e a sua capacidade de comunicação e de chegar a novos públicos.
A Recording Academy, que atribui os prémios Grammy, elogiou a capacidade de Previn de “combinar estilos sem esforços”.
“Foi um talento incomparável, e seu legado continuará vivo através das suas muitas composições”, referiu.
A IMG Artists, que representava o maestro e pianista, escreveu, no seu ‘site’, que Previn dedicou os últimos anos à composição, “e trabalhou incansavelmente em novas encomendas até poucos dias antes da morte”.
A editora Deutsche Grammophon, que publicou os seus álbuns, como maestro e compositor, ao longo de mais de duas décadas, recorda hoje, na página de abertura do seu ‘site’, “o maravilhoso intérprete, regente e compositor, bem como o comunicador eloquente”, que foi Andre Previn.
“Olhamos para trás em agradecimento pelos muitos projetos especiais, em conjunto”, escreve a discográfica alemã, recordando o trabalho com a violinista Anne-Sophie Mutter, última mulher do maestro, e gravações dedicadas a compositores como Felix Mendelssohn e Erik Korngold, e também o seu trabalho como pianista, em música de câmara.
“Durante mais de 70 anos, André Previn iluminou esse mundo muitas vezes obscuro, com os seus dons extraordinários e a sua magnífica inteligência”, escreve Anne-Sophie Mutter, na mensagem publicada pela editora alemã, que a representa.
“Fomos companheiros de música durante quatro décadas, e aliados mais próximos nos últimos 19 anos”, escreve a violinista, que os considera “profundamente comoventes e desafiadores”, referindo-se ao seu casamento com Previn.
O compositor dedicou a Mutter o seu Concerto para violino e orquestra.
“André vai continuar a viver nos corações de milhões de amantes da música, tocados pela sua vida e a sua obra”, prossegue a violinista.
E conclui: “Neste momento está provavelmente no meio de uma ‘jam session’ com [o pianista de jazz] Oscar [Peterson] e Wolfgang [Amadeus Mozart]. E será capaz de os superar”.
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