Mariana Mortágua reuniu-se esta manhã, em Lisboa, com profissionais da cultura para falar sobre os problemas no setor, entre os quais a precariedade destes profissionais.

“Sobre a importância de toda esta gente que faz a cultura em Portugal e que trabalha com poucos meios, uma vida de precariedade, com a corda ao pescoço, sem saber o que é o dia de amanhã”, enfatizou.

Aos jornalistas, a líder do BE disse que este foi um encontro “muitíssimo proveitoso” e lamentou que “a cultura não tinha tido ainda espaço nesta campanha, o que reflete “a invisibilidade a que está sujeita na sociedade e nas decisões do estado”.

De acordo com Mariana Mortágua, o tema da cultura foi apenas “tocado superficialmente” num frente a frente televisivo que teve no âmbito das eleições de 10 de março. A dirigente bloquista lamentou que a cultura seja “sempre o parente pobre destes debates” embora “seja uma das principais áreas em Portugal e uma das áreas mais importantes que constrói a democracia”.

Questionada sobre se haverá cultura no debate que esta noite vai opor na RTP todos os partidos com representação parlamentar, a líder do BE prometeu fazer o seu “melhor para que exista cultura no debate desta noite”.

“Na teoria, o PS como muitos partidos dizem que querem valorizar a cultura, é fácil dizer que se quer valorizar a cultura. O difícil é depois garantir o orçamento para a cultura e garantir que o setor é ouvido e que as regras respeitam os profissionais da cultura”, defendeu.

Entre os problemas a resolver neste setor, Mariana Mortágua destacou a precariedade dos seus profissionais, referindo que a promessa de revisão do estatuto destes profissionais não aconteceu.

“A cultura é um bem essencial à democracia, à economia e que vive sempre com a corda ao pescoço, sempre sem saber o que é o dia de amanhã e um país que se quer democrático, capaz de ter criação cultural de qualidade tem que saber dar condições a quem faz cultura”, defendeu.

Um maior financiamento é uma questão essencial para os bloquistas, apontando que” há anos que existe a promessa de 1% para a cultura nunca cumprida”.

“Pelo contrário, o Orçamento do Estado está muito longe disso. É preciso rever a forma como os apoios estão estruturados para dar estabilidade a quem produz cultura e que esses financiamentos permitam uma criação livre e não uma criação permanentemente condicionada às condições do último concurso, do último financiamento que não se sabe que existe, não se sabe em que condições são feitas”, observou.

Outro tema em discussão neste encontro, segundo Mariana Mortágua, foi o património e a falta que faz o investimento.

“Estamos aqui nos Artistas Unidos, sabemos como muitas companhias de teatro e não só – livrarias, alfarrabistas, escolas de música – se confrontam com a incapacidade de permanecerem nos centros das cidades, onde sempre tiveram os seus espaços e estão a ser expulsas pela gentrificação, pela incapacidade de acompanhar as rendas e esse é também hoje mais um fator de pressão de pressão sobre o setor da cultura que tem sofrido tantos ataques e que hoje ganha o mesmo que ganhava há 10 anos”, elencou ainda.