Depois do encerramento imposto pela pandemia de covid-19, o monumento Património da Humanidade recebeu entre 18 de maio e 02 de julho - período contabilizado pelos serviços - 5.300 visitantes. Em 2019, no mesmo intervalo de tempo, registaram-se 55.600 entradas.
“Por comparação com o ano anterior, a afluência foi muito diminuta”, reconhece à agência Lusa o diretor do Mosteiro da Batalha.
Joaquim Ruivo já esperava a quebra acentuada, mas nota uma curiosidade: desde a reabertura houve muitos cidadãos brasileiros a entrar no monumento, “a maioria residentes em Portugal”.
Nas duas últimas semanas regista-se “um aumento gradual de visitantes estrangeiros”, sobretudo espanhóis e ingleses, mas esses números ainda não estão contabilizados. Em todo o caso, os portugueses continuam a prevalecer, “contrastando com os anos anteriores”, e esse aumento de afluência é “muito indicativo de uma retoma que parece lenta, mas sistemática”.
A visitação atual beneficia do circuito linear que estava instituído anteriormente, “sem cruzamento dos fluxos de visitantes”. “Os únicos constrangimentos situam-se nos espaços mais exíguos, como a Capela do Fundador, a Sala do Capítulo, o Museu das Oferendas e a loja, que apresentam limitações no número possível de visitantes em permanência”, acrescenta.
A pandemia trouxe, contudo, a suspensão da guarda de honra aos Soldados Desconhecidos, na Sala do Capítulo.
“Desde que ela se realiza naquele espaço, por decisão da nação em 1921, nunca se verificou um período tão longo sem militares na Sala do Capítulo”, refere o diretor.
Joaquim Ruivo acredita que a Liga dos Combatentes, que gere a guarda de honra ao túmulo, “tem seguramente desencadeado todos os esforços junto das chefias militares para que esta homenagem possa ser retomada, salvaguardando as condições de segurança para os militares envolvidos”. Mas essa particularidade do monumento, que capta a atenção dos visitantes, ainda não foi reposta.
O futuro é encarado com otimismo no Mosteiro da Batalha, que tem desenhado para o final do ano um programa de concertos, lançamentos, palestras e congressos em modelo misto, “presencial e ‘online’”, apostando em “projetos colaborativos” e partindo do princípio que “a situação irá melhorar e que os circuitos irão retomar um pouco uma certa normalidade”.
A estratégia está, contudo, “condicionada pelo receio do que ainda possa aí vir e das limitações que uma segunda vaga possa impor”.
Estão a ser planeados “vários cenários”, mas o diretor defende que, no meio da “navegação à vista” que a pandemia obriga, a prioridade à cultura reforça o “sentimento identitário”.
“E porque a cultura cria solidariedades, une e potencia o sentimento de pertença, esta crise pode ser oportunidade para os portugueses conhecerem melhor o seu património e usufrui-lo de uma forma mais emocionante e vinculativa”.
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