“Esta greve anunciada é uma vitória estrondosa para os representantes destes sindicatos e uma derrota brutal para todos os trabalhadores sindicalizados”, assegurou o porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, em declarações à Lusa.
De acordo com este responsável, a proposta da associação representa “o maior aumento desde o 25 de Abril, que estes trabalhadores não terão”, face à greve, cujo início está agendado para segunda-feira.
“Não creio que isto possa levar a algum lado. Esta postura destina-se a, por um lado, garantir a agenda pessoal dos representantes destes sindicatos e a fazer uma greve aos portugueses”, defendeu André Matias de Almeida.
Para os patrões, esta “greve aos portugueses e ao país” reflete a postura que tem pautado os sindicatos: “conflito, ameaça e chantagem”.
No entanto, a Antram reiterou que se mantém disponível para voltar a negociar, caso ainda seja cancelada a paralisação.
“A posição da Antram é a mesma desde há um mês, levantem o pré-aviso de greve, recuem […] e aceitem que este é o maior aumento, aquilo que as empresas podem suportar, e vamos para a mesa de negociação. Não negociamos enquanto o pré-aviso de greve e a greve não forem levantados”, concluiu.
O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) e o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) decidiram hoje manter a greve com início na segunda-feira, por tempo indeterminado, após a realização de um plenário conjunto.
"A greve é para avançar, por tempo indeterminado", afirmou aos jornalistas o presidente do SIMM, Jorge Cordeiro, após o encontro conjunto das duas estruturas sindicais, realizado hoje à tarde em Aveiras de Cima, no distrito de Lisboa.
O SIMM já tinha anunciado que mantinha a greve, após um plenário realizado hoje de manhã em Leiria.
Portugal está, a partir de hoje e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido à greve de motoristas.
À greve convocada pelo SNMMP e pelo SIMM associou-se o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
Os motoristas reivindicam que a associação patronal Antram cumpra o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100%, racionou os abastecimentos de combustíveis e declarou crise energética até às 23:59 de 21 de agosto, o que implica “medidas excecionais” para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.
Num parecer solicitado pelo Governo, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que o executivo “tem direito a fixar serviços mínimos indispensáveis” para satisfazer “necessidades sociais impreteríveis”.
Entende o Conselho Consultivo da PGR que “a requisição civil só deverá ser utilizada, excecionalmente, em situações em que o incumprimento ou o cumprimento defeituoso dos serviços mínimos sejam causadores de graves perturbações da vida social”.
(Artigo atualizado às 20:24)
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