Conhecida no estrangeiro por protagonizar os filmes do realizador Asghar Farhad, nomeadamente “O Vendedor” e “À Procura de Elly”, estreados em Portugal, Taraneh Alidoosti anunciou planos para deixar de trabalhar para apoiar as famílias dos mortos ou presos na repressão exercida pelas forças de segurança para travar os protestos.
“Eu fico aqui e não tenho intenção de sair”, disse a atriz de 38 anos numa publicação no Instagram, quando milhares de pessoas, incluindo figuras da cultura, foram detidas na repressão dos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro.
A atriz afirmou que não tem qualquer passaporte além do passaporte iraniano, nem residência no estrangeiro.
“Vou ficar, vou parar de trabalhar. Estarei ao lado das famílias dos prisioneiros e dos mortos. Serei ‘advogada’ deles”, prometeu a atriz, conhecida como ativista dos direitos das mulheres e dos direitos humanos no Irão.
“Lutarei pela minha pátria. Vou pagar o preço que for preciso para defender os meus direitos e, acima de tudo, acredito naquilo que estamos a construir hoje em conjunto”, acrescentou.
A sua mensagem foi acompanhada por um ‘hashtag’ que ecoa o grito de protesto dos manifestantes: “Mulher. A vida. Liberdade”.
Num anterior movimento de protesto no país, em 2019, Taraneh Alidoosti disse que os iranianos eram “milhões de prisioneiros”.
Vários cineastas iranianos conhecidos têm sido visados pelas autoridades mesmo antes da atual vaga de protestos que cresceu para contestação do regime, como os realizadores Mohammad Rasoulof e Jafar Panahi, que estão detidos.
Organizações não governamentais indicaram que entre 277 e 341 pessoas morreram desde o início dos protestos, há quase dois meses, no Irão, após a morte de Mahsa Amini.
A estas mortes juntam-se cerca de 14.000 detidos em mais de 130 localidades do país, durante os protestos que atingiram uma escala sem precedentes no Irão desde a revolução islâmica de 1979.
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