“Houve, de facto, uma mudança de tática e os resultados estão à vista. Conseguimos apreender muito mais embarcações, muito mais material estupefaciente e identificar presumíveis elementos ligados a este narcotráfico. Portanto, tem sido um sucesso esta alteração de tática”, referiu o comandante José Sousa Luís, porta-voz da Marinha Portuguesa e da AMN.

O responsável falava durante uma conferência de imprensa no cais comercial de Faro, convocada na sequência de uma operação realizada esta madrugada pela AMN, Marinha e Força Aérea Portuguesa, em colaboração com a Polícia Judiciária (PJ), que resultou na apreensão de mais de duas toneladas e meia de haxixe e na detenção de três homens.

Apesar de terem sido detetadas três embarcações, a navegar em águas internacionais, por uma aeronave da Força Aérea que monitorizava aquela área, duas delas “fugiram para águas espanholas e foi dado o alerta às autoridades” do país vizinho, tendo sido possível apenas apreender uma das embarcações.

Depois de, em apenas dois meses e meio, terem sido batidos “praticamente todos os valores” de quantidade de droga apreendida, de elementos identificados ou detetados em suposto tráfico e também de apreensões de embarcações de alta velocidade, registados em todo o ano de 2022, com maior predominância na costa sul portuguesa, o comandante José Sousa Luís apontou três fatores que explicam os números elevados no combate ao tráfico de droga por via marítima.

“Poderá ser, eventualmente, devido a um aumento do fluxo de narcotráfico para Portugal, mas também houve um reforço de meios por parte da Marinha e da Autoridade Marítima Nacional e também mudanças na nossa tática”, salientou.

Sem querer especificar pormenores sobre a estratégia utilizada, sob pena de “dar informação ao oponente”, o responsável garantiu que vai manter-se este combate ao narcotráfico, com o empenhamento de diversos meios, entre os quais os utilizados na operação de hoje: uma aeronave da Força Aérea, duas lanchas de fiscalização rápidas da Marinha, uma lancha de assalto rápido dos Fuzileiros, uma lancha de assalto rápido da Polícia Marítima e um helicóptero da Marinha.

Mais de 20 toneladas de droga foram apreendidas este ano pela Autoridade Marítima Nacional, um número superior ao total de 2022, tendo já sido detidas 31 pessoas por suspeitas de tráfico, que agora se elevam para 34, quando em 2022 foram detidas ou identificadas por suspeitas de tráfico de droga seis pessoas.

De acordo com as informações enviadas à Lusa, até sexta-feira tinham sido apreendidas 20,20 toneladas de estupefacientes, ultrapassando, assim, em menos de três meses, o total de droga apreendido pela Polícia Marítima e pela Marinha ao longo de 2022, ano no qual se apreendeu 16,52 toneladas de droga, com destaque para o haxixe e a cocaína.

A droga apreendida desde o início deste ano excede em quase quatro toneladas o total do ano anterior e representa quatro vezes mais do que a quantidade de estupefacientes apreendidos em 2021, quando se registou a apreensão de apenas 5,14 toneladas.

Também presente na conferência de imprensa, o diretor da PJ de Faro sublinhou que há uma série de hipóteses sob investigação sobre as mais de três dezenas de pessoas já detidas e as redes que operam na costa portuguesa, mas não esclareceu se existem várias redes, uma só rede, ou “várias redes que se socorrem dos mesmos transportadores”.

Explicando que sempre houve tráfico de haxixe da costa marroquina para Portugal, nomeadamente para o Algarve, Fernando Jordão vincou que esse tipo de crime era feito “noutras condições”.

“Se aqui há uns anos falávamos num combate mais perto da costa, porque as próprias embarcações que transportavam [a droga] eram outras, hoje temos estas realidades. Uma realidade diferente, que nos traz mais dificuldades no sentido da deteção das redes, mas que nos traz uma deteção da droga muito mais fácil”, cumprindo-se o objetivo de “retirar droga do mercado”, frisou.

Os suspeitos de tráfico de droga detidos no âmbito destas operações continuam todos em prisão preventiva, medida de coação que tem de ser apreciada de três em três meses.

O coronel Bernardo da Costa, porta-voz da Força Aérea, considerou “fundamental” a articulação “entre capacidade humana e capacidade tecnológica” exibidas pelas autoridades portuguesas, com operações que têm permitido “afinar procedimentos e ajustar todos os canais de comunicação”, mas que resultam muitas vezes de missões normais de patrulhamento marítimo.

“Esta articulação entre Força Aérea, Marinha, AMN e PJ é fundamental, porque sem isto nós podemos fazer a deteção a 300 milhas — temos capacidade para o fazer –, mas se não tivermos meios, e não conseguirmos passar rapidamente a informação, essa nossa deteção não é consequente”, concluiu.

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