“Não é verdade que decidi no dia anterior”, começou por explicar ao tribunal Rafaela Cupertino, a mãe da criança.

De acordo com a PJ, foi em 09 de abril que o crime ocorreu, pelas 21:30, quando "na sequência do parto de uma menina, a progenitora, com a colaboração da irmã gémea, golpeou a recém-nascida com uma arma branca, provocando-lhe morte imediata".

Na audiência realizada hoje, Rafaela Cupertino disse que nunca contou a ninguém que estava grávida até ao momento do parto, incluindo à irmã, justificando o crime devido à má relação com o namorado, acusando-o de “agressões físicas e psicológicas”.

Segundo a arguida, foi enquanto tirava os filhos do carro que rebentaram as águas, mas ainda lhes deu jantar, tomou banho e disse à irmã que ia dormir, até que as dores se tornaram insuportáveis e pediu ajuda.

“Estava completamente em pânico, não aguentava as dores e decidi chamar a minha irmã, contei-lhe e disse que precisava da ajuda dela. Ela ficou em choque e disse para eu chamar uma ambulância e eu em pânico disse que não. Fomos para a casa de banho para ajudar a que a bebé nascesse”, explicou.

Rafaela Cupertino confessou, no entanto, que após o nascimento, matou a filha com três facadas no coração.

“Meti a minha filha na banheira virada de cabeça para baixo durante dois ou três segundos, acho que a minha irmã não viu, e depois virei-a para cima. A faca estava no chão da porta e eu estendi a mão, apanhei e desferi-lhe três golpes”, revelou.

Apesar destas declarações, a suspeita nega ter dito à irmã, no início do parto, que a criança “teria que desaparecer”.

“Nunca disse que a bebé tinha que falecer, nem nunca tinha falado nisso. Não sei explicar o motivo, mas deferi esses golpes”, reconheceu.

Nesta sequência, Rafaela Cupertino afirmou que a irmã, Inês, não se apercebeu logo do crime, pois estava a tentar tirar-lhe a placenta, contudo, ao ver o que tinha feito “começou a chorar e perguntou porquê”.

Quando questionada pela acusação sobre o crime que cometeu, Rafaela Cupertino admitiu: “Acho horrível, eu matei a minha filha. Neste momento estava quase a fazer dez meses”.

A suspeita esteve hospitalizada no Hospital Garcia de Orta, em Almada, durante alguns dias, mas foi detida após alta hospitalar.

Um dos ginecologistas que assistiu a arguida no hospital esteve hoje a depor em tribunal e revelou que Rafaela Cupertino “não estava muito consciente devido à grande perda de sangue” e às “lacerações saturadas superficialmente com linhas de costura”.

Também a psiquiatra que fez uma avaliação clínica indicou que a suspeita não apresentava psicopatologia aguda, nem necessidade de internamento nessa especialidade.

Já a psiquiatra que fez uma avaliação clínica a Rafaela Cupertino revelou que “não havia psicopatologia aguda nem necessidade de internamento nessa especialidade”.

“Chorou duas vezes, uma foi quando a questionei sobre o sexo do bebé e outra foi quando perguntei se estava consciente do que ia acontecer. Ela explicou que sabia as consequências”, afirmou.

As duas mulheres estão em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Sines desde 11 de abril, após o primeiro interrogatório judicial.

O Ministério Público requereu o julgamento em tribunal das arguidas, em coautoria, dos crimes de homicídio qualificado e de profanação de cadáver.

A investigação foi efetuada sob a direção do MP do Seixal, Comarca de Lisboa, com a coadjuvação da Polícia Judiciária (PJ).

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