Numa visita à reserva museológica de Ramalde, a chefe de divisão municipal de museus da Câmara do Porto, Mariana Teixeira, afirmou que o processo de devolução de peças depositadas se iniciou há cerca de três anos, aquando da dotação dos serviços de “pessoal especializado na área da conservação e restauro” e “reorganização do espaço de reservas”.
“Nesta lógica de reorganização, onde tem de ser feita uma gestão inteligente, houve a decisão de encontrar os proprietários para devolver as peças depositadas”, esclareceu, acrescentando que o espólio municipal tem “milhares” de peças depositadas, algumas das quais em uso, outras não.
“A partir do momento em que os depósitos que não são propriedade da Câmara do Porto são empréstimos e não estão em uso, o ético é a sua devolução”, observou Mariana Teixeira.
O acervo museológico do Porto integra peças depositadas desde a década de 1970, quando ainda existiam “livros de registo dos depósitos”.
“Embora não existissem contratos na época, existiam estes livros”, afirmou.
Segundo Mariana Teixeira, nos últimos anos, foram devolvidas peças “a cerca de 14 entidades, entre famílias e instituições”, e estão neste momento a ser revistos “seis processos para identificar os proprietários”.
“Cada um destes processos envolve muitas vezes mais do que uma peça”, esclareceu, acrescentando que também o processo é demorado por se basear em “seguir pistas” e porque, dependendo das peças, é necessário “fazer a oxigenação, usar a câmara de anoxia e trabalhos mais finos de restauro”.
“Muitas vezes estes proprietários já não estão na mesma morada ou faleceram. É uma vontade de encontrarmos os proprietários ou herdeiros para podermos fazer este gesto justo de entregar a quem de direito as suas coisas, sempre com a hipótese de, caso as pessoas queiram doar, possam fazê-lo”, notou.
Também à Lusa, o diretor artístico do Museu da Cidade, Nuno Faria, disse querer que o processo de devolução de peças “seja harmonioso”, lembrando que existe “uma gratidão para com a comunidade”.
A par do processo de devolução de peças depositadas no acervo municipal, a Câmara do Porto investiu na dotação dos serviços museológicos através da contratação de conservadores e restauradores, como Ana e Carolina.
À Lusa, as especialistas revelaram que do trabalho realizado na divisão resultou já o manual da conservação preventiva e que foi reavivado um sistema de controlo integrado de pestes relacionado com a câmara de anoxia, instalada na reserva de Ramalde e que, em 2023, transitará para o Abrigo dos Pequeninos, nas Fontainhas.
Também na área da inventariação, Marlene contou à Lusa que o processo de diagnóstico iniciado em janeiro de 2019 permitiu preparar uma estratégia e produzir documentação para que os processos de inventariação sejam seguidos de igual forma.
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