Construído em ouro para o sacerdote Nedjemankh, no primeiro século antes de Cristo, o sarcófago era o núcleo da exposição "Nedjemankh and His Gilded Coffin" ("Nedjemankh e o seu Caixão Dourado"), inaugurada no museu, no passado mês de julho, e que devia manter-se aberta ao público até abril.

O museu anunciou, porém, na sexta-feira que ia fechar a exposição e emitiu um comunicado em que afirma ter entregado o sarcófago ao Gabinete do Procurador de Manhattan, por ter descoberto tratar-se de um objeto "roubado no Egito em 2011".

As autoridades judiciais de Nova Iorque deverão proceder agora à devolução do sarcófago ao Egito.

Responsáveis do museu disseram ao jornal The New York Times que o sarcófago tinha sido adquirido em 2017, por quatro milhões de dólares (cerca de 3,5 milhões de euros) a um negociante de arte em Paris, e que só "nos últimos meses" tiveram conhecimento da sua proveniência.

O Ministério Público nova-iorquino descobriu que eram falsos os documentos que acompanhavam o sarcófago, nomeadamente uma suposta licença de exportação datada de 1971.

"Pedimos desculpa ao ministro [egípcio das Antiguidades], Khaled El-Enany, e ao povo do Egito (...). Estamos agora empenhados em repor a justiça, e em ajudar a prevenir futuras violações de bens culturais", disse o presidente da museu, Daniel Weiss, citado no comunicado da instituição.

O sarcófago terá sido roubado em janeiro de 2011, durante o assalto ao Museu Egípcio, no Cairo, quando se verificaram confrontos entre as forças de segurança e manifestantes na praça Tahrir, que exigiam a saída do ex-presidente Hosni Mubarak.

Entre as peças roubadas encontravam-se também objetos do túmulo de Tutankhamon, que viriam a ser recuperados.

O Museu fica junto à Praça Tahrir, ponto central dos protestos que se prolongaram por 18 dias e levaram à renúncia do presidente Hosni Mubarak.

Em 2015, no âmbito da operação "Maldição da Múmia", lançada por autoridades norte-americanas, o Egito conseguiu recuperar 135 peças do seu património histórico, a maioria roubadas em museus do país. Na altura, o ministério das Antiguidades do Cairo, anunciou também ter também conseguido reaver 240 peças localizadas em França.