Em entrevista publicada hoje no jornal Público, Catarina Martins defendeu que o partido quer a nacionalização do Novo Banco, mas não exige que seja permanente.
“O BE não está à espera de desculpas para tirar o apoio parlamentar (…). Nós votámos contra um Orçamento Retificativo e continuámos a trabalhar com o Governo. Agora, é verdade que o caso do Novo Banco é um caso particularmente sensível. E é não só por causa de uma clivagem direita/esquerda sobre o controlo público da banca. É por causa da situação particular que estamos a viver na banca em Portugal”, disse.
De acordo com a coordenadora do BE, não é prudente um país ter 70% do seu sistema financeiro em mãos estrangeiros e, por isso, a única forma de o evitar é o Novo Banco ser público.
Questionada sobre se a nacionalização deve ser permanente ou transitória, Catarina Martins diz não compreender a pergunta.
“Eu não conheço nenhuma nacionalização que seja permanente, nem nenhuma privatização que seja permanente. Eu até olhava para o BES, que foi nacionalizado, privatizado e nacionalizado outra vez. E, portanto, a democracia é isso: uma decisão em cada momento. O BE acredita que é necessário controlo público da banca”, sublinhou.
No entender de Catarina Martins, o BE continua a acreditar que o “mais prudente e razoável é que o banco fique na esfera pública”.
Na entrevista, a coordenadora do BE considera também que Carlos Costa “não tem condições para estar à frente do Banco de Portugal”.
“Já dissemos. Carlos Costa, enfim, ficou com as dores do governo PSD/CDS quando deu a cara por uma resolução do BES – e foi premiado com isso mantendo-se no Banco de Portugal. O Governo do PS não iniciou nenhuma ação junto do BCE para a sua substituição, nós não concordamos com a análise”, disse.
Na entrevista ao Público, Catarina Martins garantiu que o BE “não porá em causa o acordo com o PS e que não será pelo partido que o Governo cai”, sublinhando ainda que “irão cumprir os acordos”.
Catarina Martins disse também que o BE, “sem querer premiar salários baixos, está disposto a medidas que substituam a redução da taxa social única (TSU) - a redução de custos de energia para todos, ou pela redução dos pagamentos por conta às Pequenas e Médias Empresas (PME)”.
Na entrevista, a coordenadora do BE exigiu ainda do Governo “o fim das parcerias de gestão privada dos hospitais públicos, nas PPP [Parcerias Público Privadas] para construção de hospitais”.
A líder do bloco insistiu ainda na entrevista na necessidade de “a dívida pública ser renegociada unilateralmente”.
Catarina Martins considerou ainda que “depois da Grécia, qualquer país europeu que se leve a sério deve estar preparado para o fim do euro ou para sair do euro”.
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