"Apesar dos imponderáveis que sempre podem surgir em intervenções desta natureza e dimensão, este enorme acréscimo de abate de árvores (mais 160% relativamente à estimativa inicial), a que se soma o abate (não previsto) de duas árvores no jardim da rotunda da Boavista por força da construção da Linha Rosa, não é compreensível", pode ler-se num relatório do GT-AITP hoje publicado no 'site' da Assembleia Municipal do Porto.

Em causa está o facto de uma estimativa da Metro do Porto indicar, em janeiro de 2023, o abate de 38 árvores na envolvente da futura estação do Campo Alegre, número que aumentou em julho deste ano para 99, além do transplante de dois azevinhos, conforme foi noticiado pelo Público em setembro.

O grupo de trabalho considera que "a salvaguarda do património arbóreo do Porto deve ser uma preocupação fundamental e constante da Metro do Porto, dos projetistas e dos empreiteiros, na altura do estudo das opções de intervenção".

O GT-AITP lamenta adicionalmente que quando a Câmara do Porto decidiu não fechar o túnel rodoviário do Campo Alegre durante as obras do metro (impedindo a construção de um futuro acesso pedonal), "não tivesse sido colocada, pela Metro do Porto, a implicação que tal decisão teria em termos de abate de árvores", cerca de 30.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, já tinha referido em 17 de setembro que "o desvio temporário de trânsito custa cerca de 30 árvores" no Campo Alegre.

"A opção pelo transplante das árvores é uma poderosa medida de mitigação, pelo que [o GT-AITP] recomenda à Câmara Municipal do Porto para, junto da empresa Metro do Porto, analisar se apenas se justifica o transplante de duas árvores" ou se é possível transplantar mais.

O grupo de trabalho considera ainda "manifestamente insuficiente" a plantação de 187 árvores na área afetada pela Metro do Porto, "dado que estão a ser abatidas ou removidas 89 árvores com porte médio ou grande, das quais 20 têm mais de 30 anos", recomendando à autarquia para pugnar, junto da transportadora, "pela plantação de um número superior de novas árvores na zona afetada ou, se tal não for possível, noutras zonas da cidade".

O valor global de investimento da Linha Rubi (Casa da Música-Santo Ovídio, incluindo nova ponte sobre o rio Douro) é de 435 milhões de euros, um investimento financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A Linha Rubi, com 6,4 quilómetros e oito estações, inclui uma nova travessia sobre o Douro, a ponte D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha, que será exclusivamente reservada ao metro e à circulação pedonal e de bicicletas.

Em Gaia, as estações previstas para a Linha Rubi são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e, no Porto, Campo Alegre e Casa da Música.

A empreitada tem de estar concluída até ao final de 2026.