Portugal continental e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores vão atrasar os relógios uma hora na madrugada deste domingo, dando início ao horário de inverno.

Assim, na madrugada de domingo (29 de outubro), em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira quando forem 02:00 os relógios devem ser atrasados 60 minutos, passando para a 01:00.

Na Região Autónoma dos Açores, a mudança será feita à 01:00 da madrugada de domingo, passando para as 00:00.

O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.

Ao longo do ano, a hora muda duas vezes e as perguntas são sempre as mesmas: passa a ser uma hora a mais, ou uma hora a menos? Quem é que decide esta mudança? E porque é que se mantém esta prática nos dias que correm?

A ideia do Daylight Saving Time (DST)  - quando o relógio avança uma hora - foi obra de Benjamin Franklin, no século XVIII, nos Estados Unidos da América, e tinha como objetivo poupar velas, mas só foi verdadeiramente implementada na I Guerra Mundial (1914-1918). Conheça aqui a história.

Exatamente por esta altura, em 2022, um grupo de peritos internacionais propôs o fim da mudança da hora na União Europeia e o alinhamento dos fusos horários dos diferentes países, aproximando-os o máximo possível da hora solar e tornando-os permanentes.

Segundo os peritos, as mudanças na hora legal "não têm efeitos significativos na poupança energética", ao passo que a manutenção da mesma hora "melhora a saúde, a economia, a segurança e o meio ambiente".

O atual regime de mudança da hora na União Europeia é regulado por uma diretiva que determina que todos os anos os relógios sejam adiantados e atrasados, respetivamente, uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.

Em março de 2019, o parlamento europeu aprovou, sob proposta da Comissão Europeia, o fim da mudança da hora nos Estados-Membros da União Europeia, defendendo a entrada em vigor da medida em 2021, o que não chegou a ter lugar.

A adoção da medida no espaço comunitário dependia de uma tomada de posição, que está por tomar, do Conselho da União Europeia, instância de decisão onde estão representados todos os Estados-Membros, e também dos países. Mas as negociações sobre esta matéria encontram-se paradas e não são prioritárias.

O que defende Portugal?

Portugal defende o atual regime, com uma hora de verão e com uma hora de inverno.

Na sequência de uma consulta pública organizada pela Comissão Europeia em 2018, o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), então com competências na manutenção da hora legal em Portugal, emitiu um parecer, remetido ao Governo, que apontava para a manutenção da hora de verão e da hora de inverno, avaliando fatores como a poupança energética e a perturbação no sono

De acordo com o parecer, a poupança de energia "é positiva, mas diminuta" e as perturbações do sono "mínimas" com o horário de verão.

O parecer sustentava, no entanto, que a transição para a hora de inverno "poderia ser melhor" se fosse feita em finais de setembro, como sucedeu até 1995 na Europa, e não no fim de outubro, "permitindo uma maior aproximação à hora solar durante o ano".

Segundo o documento, manter apenas a hora de inverno significava ter "o sol a nascer perto das 5 horas na altura do verão, ou seja, uma madrugada de sol desaproveitada seguida de um final de tarde com menos uma hora de sol, fatores que não são positivos nas atividades da população".

Em contrapartida, mantendo a hora de verão todo o ano, "o sol nasceria entre as 8 e as 9 horas durante quatro meses do ano, no inverno, com impactos negativos", nomeadamente nas deslocações para o trabalho e para a escola, que seriam feitas com pouca luz.

*Com Lusa