O que é que levou Luís Vargas, um designer industrial de 39 anos, e David Crisóstomo, um estudante de economia de 24 anos, a juntarem esforços e usarem o seu tempo pessoal para desenvolverem o www.hemiciclo.pt?

"Colmatar uma necessidade que identificamos na sociedade portuguesa, que era um cidadão, que é representado na Assembleia da República pelos 230 deputados eleitos, poder saber como é que um determinado deputado vota em determinado diploma numa determinada fase", é a resposta dada por David Crisóstomo, em declarações à agência Lusa.

No dia de nascimento do Hemiciclo, na segunda-feira, o site teve cerca de 20 mil visitas, para além das mais de 79 mil visualizações de páginas individuais.

Aliás, o pico de utilizadores individuais por volta das 13:00, levou a que o servidor tivesse ido abaixo, tendo sido necessário fazer um upgrade.

Voltando à história da origem deste projeto, David Crisóstomo contou que ambos os "pais" do Hemiciclo se "fartaram de esperar" e decidiram "tomar o assunto em mãos" e criar uma plataforma que "possa ajudar a melhor escrutinar o trabalho da Assembleia da República".

Devido às sugestões e comentários que obtiveram em relação à versão de teste do site, rapidamente perceberam "que não bastava só as votações em plenário".

"Era necessário criar páginas para cada um dos deputados, criar um glossário, ter páginas para todos os partidos", enumerou.

E assim fizeram, tendo criado, entre outros separadores, um "top de desalinhados", onde se pode ver, em cada momento, "os deputados que mais vezes votaram de forma diferente da sua bancada".

Uma das inspirações, segundo David Crisóstomo, foi o site da "Vote watch europe", que se dedica "ao escrutínio das atividades parlamentares e votações do Parlamento Europeu" e com cujos responsáveis reuniram.

O site é, garantem, "neutro politicamente" e terá uma manutenção "bastante automática" uma vez que foi construído com base num "sistema de programação que está preparado para automaticamente se ir atualizando".

A fonte principal de informação é o site da Assembleia da República, mas os criadores utilizam também dados da Comissão Nacional de Eleições, do arquivo do Governo e dos sites das bancadas parlamentares e dos partidos.

"Pretendemos que esta plataforma possa ajudar a um efetivo escrutínio democrático da Assembleia da República. Se ele melhorará a qualidade democrática, precisamos de ver como é que é recebido. Esperamos que ele possa contribuir", concluiu David Crisóstomo.