“A guerra na Ucrânia demonstrou a nossa perigosa dependência do gás russo. Isso também deve levar-nos a avaliar a nossa dependência de outros regimes autoritários, incluindo a China, no que diz respeito às nossas cadeias de abastecimento, tecnologias ou infraestruturas”, disse o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO em Bucareste, na Roménia.
Nesse sentido, Stoltenberg afirmou que os países da Aliança Atlântica reconhecem os desafios a longo prazo que a China coloca, mas vão continuar a ter uma relação económica e comercial com Pequim.
No entanto, os países da NATO devem estar “cientes” das dependências que são geradas, alertou Stoltenberg, ex-primeiro-ministro norueguês, que pediu uma redução das vulnerabilidades e uma melhor gestão dos riscos.
A NATO lembrou a sua doutrina acordada na cimeira de Madrid, em junho passado, para enfatizar que não vê a China como um “adversário”, mas, ao mesmo tempo, enviou uma mensagem de alerta sobre o “desenvolvimento militar ambicioso” de Pequim e os seus avanços em matéria de tecnologia e ciberatividade.
“Continuaremos a interagir com a China enquanto for do nosso interesse. Pelo menos para transmitir a nossa posição unida sobre a guerra ilegal da Rússia na Ucrânia. Por isso, permanecemos de olhos abertos”, enfatizou Stoltenberg.
Esta mensagem do líder político da NATO surge em plena reflexão da União Europeia (UE) sobre a sua relação com a China, depois de os dirigentes europeus terem realizado um debate estratégico, em outubro, no qual endureceram o tom em relação a Pequim e apelaram a uma permanente vigilância em relação a dependências económicas.
Na mesma linha, o Alto Representante da UE para a Política Externa, o espanhol Josep Borrell, apelou ao realismo numa recente intervenção no Parlamento Europeu, na qual defendeu o contacto com Pequim e apontou que “a separação não é uma opção”.
Borrell tem sublinhado que o bloco europeu tem de estar atento para que as dependências comerciais que hoje marcam a relação não se transformem em “vulnerabilidades” no futuro, como aconteceu com a Rússia no campo energético.
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