“O Conselho do Atlântico Norte condena veementemente o desvio forçado para Minsk, Bielorrússia, de um voo da Ryanair entre Atenas e Vílnius em 23 de maio, assim como a retirada do avião e a detenção de Roman Protasevich, um jornalista bielorrusso proeminente que viajava a bordo, e de Sofia Sapega”, lê-se num comunicado do principal órgão de decisão política da NATO, que reúne o conjunto dos representantes dos Estados-membros.
Na nota, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) qualifica o desvio do voo em questão de “ato inaceitável” que “violou seriamente as normas que regem a aviação civil e pôs em risco as vidas dos passageiros e da tripulação”.
“Apoiamos os apelos a uma investigação independente urgente, inclusive por parte da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO). Apoiamos medidas tomadas pelos Aliados, individual e coletivamente, em resposta a este incidente”, lê-se também no comunicado.
A NATO considera ainda que a detenção de Roman Protasevich é uma “afronta aos princípios da dissidência política e da liberdade de imprensa” e apela a que o regime bielorrusso liberte “imediatamente e sem condições”, tanto o jornalista bielorrusso, como a sua namorada, Sofia Sapega.
“Os Aliados da NATO apelam a que a Bielorrússia respeite os direitos humanos e as liberdades fundamentais, e para que esteja em conformidade com a ordem internacional baseada em regras”, refere o comunicado.
Abordando ainda a expulsão do embaixador da Letónia na Bielorrússia, assim como de todo o pessoal diplomático letão, a NATO diz que se “mantém solidária” com o país báltico.
As autoridades bielorrussas detiveram no domingo o jornalista Roman Protasevich, depois de o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ter ordenado que o voo da companhia aérea Ryanair, que fazia a rota de Atenas para Vílnius, capital da Lituânia, fosse desviado para o aeroporto de Minsk.
Roman Protasevich, de 26 anos, é o ex-chefe de redação do influente canal Nexta, que se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.
Várias instituições e países do Ocidente condenaram já a ação das autoridades bielorrussas, que asseguram ter agido dentro da legalidade ao intercetar o voo comercial da Ryanair, argumentando que havia uma ameaça de bomba feita pelo grupo palestiniano Hamas.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente, Alexander Lukashenko – no poder há mais de duas décadas – para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denunciou a eleição como fraudulenta e reivindicou a vitória nas presidenciais.
Desde então, o país testemunhou uma vaga de protestos populares para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações conduzidas pela oposição que têm sido reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.
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