“Exortamos todos os Estados, incluindo a República Popular da China, a manterem a ordem internacional, incluindo os princípios de soberania e integridade territorial, tal como consagrados na Carta das Nações Unidas, a absterem-se de apoiar de qualquer forma o esforço de guerra da Rússia, e a absterem-se de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções”, lê-se na declaração adotada após a cimeira extraordinária.

Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) afirmam-se “preocupados com os recentes comentários públicos de funcionários da República Popular da China” e apelam a Pequim “para que deixe de amplificar as falsas narrativas do Kremlin, em particular sobre a guerra e sobre a NATO, e para que promova uma resolução pacífica do conflito”.

A Moscovo, a NATO reitera os apelos para que permita “o acesso humanitário rápido, seguro e sem entraves e corredores seguros para os civis, e a permitir que a ajuda humanitária seja entregue a Mariupol e a outras cidades sitiadas”.

A Aliança Atlântica pede ainda à Rússia para que se “empenhe construtivamente em negociações credíveis com a Ucrânia para alcançar resultados concretos, começando com um cessar-fogo sustentável e avançando para uma retirada completa das suas tropas do território ucraniano”.

“A Rússia precisa de mostrar que leva a sério as negociações, implementando imediatamente um cessar-fogo”, sustenta, observando que “a agressão contínua da Rússia enquanto decorrem as discussões é deplorável”.

Os líderes da Aliança Atlântica também condenam “os ataques contra as infraestruturas civis, incluindo as que põem em perigo as centrais nucleares” e asseguram que continuarão a “combater as mentiras da Rússia sobre o seu ataque à Ucrânia e a expor narrativas fabricadas ou operações de «bandeira falsa» para preparar o terreno para uma nova escalada, incluindo contra a população civil da Ucrânia”.

“Qualquer utilização pela Rússia de uma arma química ou biológica seria inaceitável e resultaria em consequências graves”, advertem.

Numa cimeira em que voltaram a escutar-se apelos — por videoconferência – do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no sentido de um “apoio militar sem restrições” que permita às forças ucranianas reequilibrar uma luta “desigual” contra o exército russo, os líderes da NATO reafirmaram a “total solidariedade” com Zelensky, o governo ucraniano e “os bravos cidadãos ucranianos que estão a defender a sua terra”, mas não fizeram os anúncios desejados por Kiev.

“Desde 2014, temos prestado um amplo apoio à capacidade da Ucrânia […] Treinámos as forças armadas ucranianas, reforçando as suas capacidades militares e aumentando a sua resiliência. Os aliados da NATO intensificaram o seu apoio e continuarão a prestar mais apoio político e prático à Ucrânia, enquanto o país continua a defender-se”, lê-se na declaração.

Os aliados confirmam que irão “prestar assistência em áreas como a cibersegurança e a proteção contra ameaças de natureza química, biológica, radiológica e nuclear”, recordando que os países membros da Aliança “também prestam um amplo apoio humanitário e estão a acolher milhões de refugiados”.

“Os ministros dos Negócios Estrangeiros irão debater mais aprofundadamente o seu apoio à Ucrânia quando se reunirem em abril”, acrescentam.

Dando conta de que concordaram hoje em “acelerar os esforços” com vista ao cumprimento de consagrar 2% do PIB a despesas em defesa, os aliados indicam ainda que também aumentarão a “preparação e prontidão para ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares”, agendando desde já decisões concretas para a cimeira da NATO a celebrar em junho em Madrid.

Durante a cimeira de hoje, a primeira presencial ao nível de chefes de Estado e de Governo da Aliança desde que, há precisamente um mês, a Rússia invadiu a Ucrânia, a NATO confirmou o fortalecimento da sua postura “dissuasora” na parte oriental da Aliança, tendo aprovado, como primeiro passo, o envio de quatro novos grupos de combate para Bulgária, Hungria, Roménia e Eslováquia.