João Gomes Cravinho, que respondia a perguntas de deputados durante a audição regimental da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas do Parlamento, assumiu que perante o incidente, que provocou quase mais de 80 mortos confirmados e centenas de desaparecidos, a Europa tem de fazer mais.
“É uma tragédia. Algo que não pode acontecer. Mas temos visto com regularidade este tipo de catástrofes. Não temos números certos [total de vítimas], mas são muitos. Algo que envergonha a Europa”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
Até agora, apenas 104 sobreviventes foram encontrados e 81 corpos recuperados, mas muitos relatos referem que até 750 pessoas estavam a bordo.
Questionado sobre o que tem falhado na Europa, sobretudo na União Europeia (UE), para travar as sucessivas ondas de migrações, Cravinho admitiu erros.
“Temos de distinguir a capacidade de operacionalização e aquilo que é fruto de políticas mal pensadas. Portugal tem uma voz que procura sublinhar o valor da vida humana”, respondeu Cravinho, sem adiantar pormenores.
Para Cravinho, o Pacto Global para os Refugiados, aprovado em dezembro de 2018 na Assembleia Geral das Nações Unidas, continua a ser “muito importante”, da mesma forma que é importante que se faça um esforço adicional entre os 27 para que haja mais apoio humanitário nos países de origem dos migrantes para que se evitem novas catástrofes.
De acordo com os dados fornecidos pelo Projeto Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), há quase 27 mil migrantes desaparecidos no Mediterrâneo desde 2014.
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