É uma embaixada de Portugal que cruza os mares e cruza a formação de cadetes da Escola Naval com a divulgação do país.
Nesta estadia em Le Havre, que começou na quinta-feira e se prolonga até domingo, o navio foi também o palco para uma ação de promoção dos vinhos, gastronomia e cultura, organizada pela Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR).
O veleiro português é o cabeça de cartaz do evento “Les grandes voiles du Havre” (As grandes velas de Le Havre), que concentra mais de 20 veleiros provenientes de todo o mundo e que se insere nas comemorações dos 500 anos desta cidade francesa.
A imagem da Sagres está nos ‘outdoors’ espalhados pela cidade, está nas montras, nas revistas e jornais.
“O facto de termos este barco no cartaz que passou em toda a imprensa francesa é um grande motivo de vaidade para os cerca de dois milhões de portugueses que vivem em França”, afirmou Carlos Vinhas Pereira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa.
O comandante da Sagres, Maurício Camilo, explicou que o veleiro possui dois tipos de missões que se complementam.
“No mar é um navio escola, de formação dos oficiais da Marinha e, quando chega a terra, serve de embaixada do país”, afirmou.
Funciona também como um espaço de promoção do país, quer a nível comercial ou de turismo, e é neste objetivo que se enquadra a parceria com a AETUR.
No porto francês, a Sagres ficou de portas abertas à visitação e foram muitos os que quiseram subir a bordo para o conhecer. Muitos dos visitantes são emigrantes que aqui procuram um pouco da pátria mãe.
“Isto é um pouco do território português e muitos dos que nos visitam, sobretudo emigrantes, sentem esse carinho especial e essa emoção de nos visitarem e de visitarem Portugal”, afirmou o tenente João Brás, oficial de relações públicas do navio-escola.
A vista à Sagres decorre pelo exterior.
José Fernandes, natural de Guimarães, foi um dos muitos emigrantes portugueses em Le Havre que foi conhecer a Sagres, acompanhado pela mulher e dois filhos.
“O navio é muito bonito, grande, e está tudo muito bem tratado”, afirmou. Emigrante há 15 anos nesta cidade francesa, José Fernandes abriu há oito anos um restaurante.
“Como emigrante vir aqui, a este navio, é sentir-me um pouco em casa. É sempre bom encontrar aqui coisas portuguesas”, salientou.
Este ano, o veleiro já esteve em Las Palmas (Canárias), Mindelo (Cabo Verde), no Rio de Janeiro, Salvador e Santos (Brasil), Costa do Marfim e agora Le Havre, em França.
A bordo seguem 203 pessoas, entre guarnição do navio e cadetes da escola naval que, segundo João Brás, em alto mar colocam em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do ano.
Este navio foi construído em 1937, em Hamburgo. No final da Segunda Guerra Mundial, aquando da partilha dos despojos pelos vencedores, foi entregue aos Estados Unidos da América.
Acabou por ser cedido à Marinha do Brasil, com o intuito de fazer face aos danos causados pelos submarinos alemães aos seus navios, durante a guerra. Em 1961 foi adquirido por Portugal.
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