Ouvido na comissão parlamentar de Defesa Nacional, o almirante Mendes Calado considerou que a proposta, que contempla cerca de 1.100 milhões de euros em investimentos para a Marinha até 2030, é “equilibrada e estabiliza” a modernização dos meios.

A prevista aquisição de um Navio Polivalente Logístico (NPL), no montante de 360 milhões de euros, é de “extrema importância para o sistema de forças”, defendeu o almirante Mendes Calado, após questionado pelo PSD sobre a necessidade deste tipo de navio, “muito dispendioso”.

Mendes Calado admitiu que o navio é caro, mas sustentou que “é barato, para a missão” que pode desempenhar, quando comparado com outras “Marinhas amigas”, e constitui uma “oportunidade para a indústria nacional” uma vez que seria desenhado, projetado e construído em Portugal.

A aquisição do NPL foi o investimento que gerou mais dúvidas também junto dos deputados do PCP e do BE, com o PS a instar o almirante Mendes Calado a explicar a sua utilidade.

Na audição, o PS e o CDS-PP foram os partidos que disseram apoiar este investimento.

O almirante defendeu que o “grande instrumento de projeção das forças armadas portuguesas é este navio”, permitindo projetar até 600 militares, transportar material em apoio às Forças Nacionais Destacadas, de forma “autónoma e flexível”.

O CEMA acrescentou que aquele navio tem utilidade fora do âmbito estritamente militar, permitindo ter um “centro de comando e controlo” para gerir situações de emergência, seja numa “crise humanitária ou desastres ambientais”, com capacidade para projetar um hospital com 30 camas de acolhimento e internamento, dez camas de cuidados intensivos e é capaz de operar meios aéreos.

Em resposta ao PCP, que manifestou "grandes dúvidas" em relação ao projeto, que custa tanto como seis Navios de Patrulha Oceânica, o almirante Mendes Calado admitiu a possibilidade de fazer uma “reavaliação” do projeto, “revendo os níveis de ambição” se essa for a maneira de garantir que o país poderá dispor dessa capacidade.

“É, sobretudo, um navio que nos dá grande flexibilidade de projeção das nossas capacidades seja em que contexto for”, disse, sublinhando que, nos últimos anos, os navios de tipo Polivalente Logístico “foram quase sempre utilizados em cenários de ajuda humanitária, como no salvamento em massa na tragédia que acontece no Mediterrâneo”.

"As marinhas são caras, mas são úteis", defendeu Mendes Calado.