“Todos os navios da guarda costeira chinesa regressaram na quinta-feira à noite à China e, embora não tenham feito um anúncio oficial, consideramos que o exercício terminou”, disse o diretor-geral adjunto da guarda costeira de Taiwan, Hsieh Ching-chin.
Uma porta-voz do Ministério da Defesa de Taiwan confirmou que navios de guerra e da guarda costeira chinesa foram detetados a regressar à China continental.
Num sinal de intensificação da pressão militar por parte de Pequim, cerca de 90 navios de guerra e da guarda costeira participaram em manobras nos últimos dias que incluíram ataques simulados a navios e exercícios destinados a bloquear as rotas marítimas, disse na quarta-feira um alto funcionário da segurança de Taiwan.
De acordo com o funcionário, que falou sob condição de anonimato, a China começou a planear uma operação marítima maciça em outubro, para demonstrar que podia sufocar Taiwan e traçar uma “linha vermelha” antes da tomada de posse da nova administração republicana dos Estados Unidos, em janeiro.
Desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, Taiwan é governada de facto por um governo autónomo, mas a China considera a ilha como uma província sua, que deve ser reunificada com o resto do território, e não exclui o uso da força para o conseguir.
O Exército de Libertação Popular da China ou a imprensa estatal chinesa não anunciaram qualquer aumento da atividade militar.
Após a retirada dos navios chineses, as forças militares e a guarda costeira de Taiwan encerraram os centros de resposta de emergência criados para fazer face às manobras.
As manobras chinesas surgem poucos dias após o fim de uma viagem ao Pacífico do líder de Taiwan, William Lai Ching-te, eleito em janeiro.
Durante o périplo, William Lai, que considera Taiwan “um país independente e soberano”, visitou dois territórios norte-americanos, Havai e Guam, onde se encontram várias bases militares estratégicas.
Lai falou também, por telefone, com o líder da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento dos EUA, o republicano Mike Johnson. Estes episódios provocaram fortes protestos por parte de Pequim.
A China instou os Estados Unidos a “deixarem de enviar sinais errados” às “forças independentistas de Taiwan” e advertiu a ilha contra qualquer tentativa de “procurar a independência com a ajuda dos Estados Unidos”, afirmando que “falharia inevitavelmente”.
A diplomacia chinesa não negou nem confirmou as manobras.
Mas o exército chinês afirmou hoje que “nunca se absterá” de “lutar contra a independência de Taiwan, quer realize ou não exercícios militares”.
O porta-voz do ministério da Defesa, Wu Qian, disse em conferência de imprensa que “é a nobre missão do Exército de Libertação Popular da China proteger a soberania nacional e a integridade territorial, salvaguardar os interesses fundamentais da nação chinesa e defender os interesses comuns dos compatriotas de ambos os lados do Estreito de Taiwan”.
Em resposta a uma pergunta sobre o destacamento militar da China em torno de Taiwan, Wu explicou que “tal como a água não tem uma forma constante, na guerra também não há condições constantes”, salientando que as forças frmadas chinesas “decidirão se realizam ou não exercícios militares de acordo com as suas necessidades e a situação no terreno”.
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